São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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INVESTIMENTO

Dinheiro virá do BNDES e de bancos privados; parte será usada para quitar dívidas vencidas e a vencer neste ano

Klabin obtém empréstimo de R$ 1,2 bilhão

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Klabin anunciou ontem a captação de um empréstimo de R$ 1,2 bilhão concedido por associação entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e os bancos privados Unibanco, Bradesco, Itaú, BBA, JP Morgan e ABN Amro.
O BNDES vai entrar com R$ 450 milhões, e os bancos privados, com R$ 600 milhões. Para atingir a soma de R$ 1,2 bilhão a Klabin vai contar com repasses adicionais do BNDES paralelos à emissão de debêntures.
Segundo Ronald Seckelman, diretor financeiro da empresa, o Unibanco e o Bradesco têm as maiores participações na concessão do empréstimo. Como a companhia ainda espera arregimentar mais dois bancos para o acordo, Seckelman preferiu não divulgar a cota exata dos participantes.
O total de recursos foi estruturado como um empréstimo-ponte composto de debêntures não-conversíveis (papéis nos quais o empréstimo é liquidado em prazo determinado) com vencimento em dois anos e calculados com base no DI (Depósito Interbancário) mais juros de 4,5% ao ano.
Parte do dinheiro, R$ 575 milhões -R$ 225 milhões do BNDES e R$ 350 milhões dos outros bancos-, já está disponível no caixa da empresa desde a segunda-feira passada. A quantia serviu para o pagamento, ontem, de US$ 50 milhões em eurobonds que haviam vencido no último dia 4 e também vai cobrir outros US$ 60 milhões em eurobonds que vencem em 28 de dezembro.
O restante do empréstimo será recebido pela empresa até o final de dezembro.
De acordo com a diretoria da empresa, além de servir para honrar a sequência de pagamentos até o final deste ano, o empréstimo também vai dar liquidez para que a Klabin atravesse o primeiro semestre de 2003.
"O dinheiro vai trazer alívio para a empresa. Com isso, não vamos depender dos humores do mercado para conseguir rolar dívidas no ano que vem", afirmou Seckelman.
A Klabin tem dívida total de aproximadamente US$ 800 milhões, segundo a própria empresa. Os investimentos na expansão da capacidade de produção, como a compra da Igaras (empresa de embalagens), por exemplo, foram apontados como um dos principais fatores para o endividamento.
A desvalorização cambial e a redução das linhas de crédito no mercado externo também contribuíram para aumentar as dificuldades da empresa.

Corte de gastos
Apesar de declarar otimismo com relação ao panorama econômico para 2003, a empresa decidiu apertar o cinto.
Para o próximo ano, a empresa vai reduzir os investimentos. Serão investidos cerca de R$ 200 milhões -no início do ano a previsão era de R$ 250 milhões.
"Nossa prioridade em 2003 é a geração de caixa. Vamos investir apenas o necessário para manter a competitividade da empresa", diz Seckelman. A empresa afirmou que não haverá desativação de unidades ou demissões.
A reestruturação financeira da Klabin inclui ainda a venda de ativos, ainda não revelados, em valor entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. Outra medida é o abandono da fabricação de papel de imprensa em março de 2003.
A estratégia da empresa é concentrar-se na produção de papel para embalagens, que responde pela maior parte das exportações.


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