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INVESTIMENTO
Dinheiro virá do BNDES e de bancos privados; parte será usada para quitar dívidas vencidas e a vencer neste ano
Klabin obtém empréstimo de R$ 1,2 bilhão
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Klabin anunciou ontem a
captação de um empréstimo de
R$ 1,2 bilhão concedido por associação entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e os bancos privados Unibanco, Bradesco, Itaú,
BBA, JP Morgan e ABN Amro.
O BNDES vai entrar com R$ 450
milhões, e os bancos privados,
com R$ 600 milhões. Para atingir
a soma de R$ 1,2 bilhão a Klabin
vai contar com repasses adicionais do BNDES paralelos à emissão de debêntures.
Segundo Ronald Seckelman, diretor financeiro da empresa, o
Unibanco e o Bradesco têm as
maiores participações na concessão do empréstimo. Como a companhia ainda espera arregimentar
mais dois bancos para o acordo,
Seckelman preferiu não divulgar
a cota exata dos participantes.
O total de recursos foi estruturado como um empréstimo-ponte
composto de debêntures não-conversíveis (papéis nos quais o
empréstimo é liquidado em prazo
determinado) com vencimento
em dois anos e calculados com
base no DI (Depósito Interbancário) mais juros de 4,5% ao ano.
Parte do dinheiro, R$ 575 milhões -R$ 225 milhões do
BNDES e R$ 350 milhões dos outros bancos-, já está disponível
no caixa da empresa desde a segunda-feira passada. A quantia
serviu para o pagamento, ontem,
de US$ 50 milhões em eurobonds
que haviam vencido no último dia
4 e também vai cobrir outros US$
60 milhões em eurobonds que
vencem em 28 de dezembro.
O restante do empréstimo será
recebido pela empresa até o final
de dezembro.
De acordo com a diretoria da
empresa, além de servir para honrar a sequência de pagamentos até
o final deste ano, o empréstimo
também vai dar liquidez para que
a Klabin atravesse o primeiro semestre de 2003.
"O dinheiro vai trazer alívio para a empresa. Com isso, não vamos depender dos humores do
mercado para conseguir rolar dívidas no ano que vem", afirmou
Seckelman.
A Klabin tem dívida total de
aproximadamente US$ 800 milhões, segundo a própria empresa. Os investimentos na expansão
da capacidade de produção, como a compra da Igaras (empresa
de embalagens), por exemplo, foram apontados como um dos
principais fatores para o endividamento.
A desvalorização cambial e a redução das linhas de crédito no
mercado externo também contribuíram para aumentar as dificuldades da empresa.
Corte de gastos
Apesar de declarar otimismo
com relação ao panorama econômico para 2003, a empresa decidiu apertar o cinto.
Para o próximo ano, a empresa
vai reduzir os investimentos. Serão investidos cerca de R$ 200 milhões -no início do ano a previsão era de R$ 250 milhões.
"Nossa prioridade em 2003 é a
geração de caixa. Vamos investir
apenas o necessário para manter a
competitividade da empresa", diz
Seckelman. A empresa afirmou
que não haverá desativação de
unidades ou demissões.
A reestruturação financeira da
Klabin inclui ainda a venda de ativos, ainda não revelados, em valor entre US$ 250 milhões e US$
300 milhões. Outra medida é o
abandono da fabricação de papel
de imprensa em março de 2003.
A estratégia da empresa é concentrar-se na produção de papel
para embalagens, que responde
pela maior parte das exportações.
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