DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A AES Sul, distribuidora de energia elétrica que atende 128 dos 497 municípios gaúchos, pediu um ano de carência para pagar uma dívida de R$ 187,5 milhões em debêntures, dos quais R$ 62,5 milhões vencem em 1º de dezembro.
A Agência Folha tentou falar ontem sobre o assunto com o diretor de relações com o mercado da empresa, Pedro Schmidt, mas ele não quis se manifestar.
A assessoria de imprensa confirmou, porém, que a assembléia foi realizada anteontem e que a dívida total da empresa chega a R$ 2,3 bilhões (a maior parte em dólares), o que configura uma situação difícil, apesar de ela não ter participado do racionamento ocorrido no país no ano passado.
Segundo analistas do setor elétrico o problema da AES é que ela tem uma geração de caixa muito pequena - de apenas R$ 300 milhões anuais- para fazer frente ao alto endividamento. A empresa gera menos recursos, pois sua tarifa média é inferior à de outras distribuidoras. Enquanto ela recebe em média R$ 107 por megawat/hora a Eletropaulo, por exemplo, recebe R$ 123.
A empresa atribui suas dificuldades especialmente à desvalorização cambial. No primeiro semestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 372 milhões. No primeiro semestre do ano passado, já havia sido de R$ 220,9 milhões.
De acordo com a proposta de reescalonamento, à qual os debenturistas devem aderir até o próximo dia 29 -na empresa, acredita-se que a aceitação dos termos propostos ocorrerá sem problemas-, a empresa pagará os juros e a correção da parcela da dívida que vence no dia 1º de dezembro. O principal da dívida será pago em 12 parcelas apenas a partir de dezembro de 2003.
No início deste ano, a controladora da AES Sul, a norte-americana AES Corporation, qualificou a distribuidora gaúcha e a termelétrica de Uruguaiana (município gaúcho na divisa com a Argentina) como ativos abaixo da performance e que poderiam ser colocados à venda.