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CAMPANHA DE NATAL
Vice de Lula diz que população deve resistir aos financiamentos para fugir dos juros altos
Comprem apenas à vista, pede Alencar
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O vice-presidente da República, José Alencar, na sua cruzada
pela queda dos juros, disse ontem que a população deve "resistir" comprando à vista ou financiando apenas as compras "essenciais". O objetivo, segundo
ele, é evitar que o sistema financeiro se beneficie com a venda financiada no comércio.
"Temos que nos liberar desse
regime de juros, e toda a sociedade pode colaborar com isso
resistindo", disse o vice de Lula,
após participar da abertura de
um seminário em Belo Horizonte sobre o comércio entre o Brasil e a China.
Questionado se a forma de a
população reagir neste final de
ano seria não comprar, Alencar
disse: "Comprar à vista". Diante
da colocação de que as pessoas
não têm dinheiro para comprar
à vista e que muitas estão desempregadas, ele completou:
"Quando for o essencial, vamos
ter que comprar [financiado]".
E acrescentou: "Agora, o que
vamos fazer? Eu tenho que dizer
isso, infelizmente. Gostaria de
dizer o contrário: comprar,
comprar, comprar. O Brasil precisa consumir muito para promover o desenvolvimento, mas,
para isso, tem que haver consumo. Tem que haver consumo
com capacidade de evitar que
haja transferência da renda para
o setor financeiro".
Alencar disse que, mesmo que
a taxa básica de juros, determinada pelo Banco Central, seja fixada em 3% ao ano, "não acontece nada". Ou seja, os juros no
mercado, de acordo com sua
análise, continuariam altos.
"Temos que formar opinião
para que o governo tenha força
para conseguir isso [a queda dos
juros de mercado]", disse. E citou um comercial que usa repetidas vezes a palavra "experimenta": "Vamos experimentar
dizer contra esses juros".
Alencar apelou também para
os empresários resistirem. "Vamos procurar, por exemplo,
crescer os nossos negócios apenas com os recursos próprios gerados por eles [empresários].
Porque, se nós comprarmos matéria-prima a prazo e levarmos
nossas duplicatas a bancos, vamos transferir todo o nosso esforço, toda a nossa dedicação e
também todo o nosso capital para o sistema financeiro, como
tem acontecido no Brasil."
Na abertura do seminário,
Alencar foi indiscreto ao falar
sobre a política interna da China. Citando os movimentos reformadores na ex-União Soviética, ele disse que os chineses
promoveram a "perestroika"
(reestruturação econômica),
mas não a "glasnost" (abertura
política), que, segundo ele, "provavelmente virá, mesmo que dure até dez séculos".
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