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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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INVESTIMENTO

Ministro diz que União e setor privado não aproveitam momento propício para estimular volta do crescimento

Furlan critica "falta de ousadia" do governo

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, criticou ontem o que ele disse considerar falta de iniciativas "mais ousadas" por parte do governo e do setor privado brasileiro na busca da retomada do desenvolvimento. Ele defendeu para 2004 mais financiamentos para a construção civil, especialmente à habitação popular, como alternativa para a geração de empregos.
"O Brasil não está, no meu modo de entender, aproveitando o momento que tem hoje para fazer com que as empresas e o próprio governo tomem iniciativas mais ousadas para a retomada do crescimento", afirmou o ministro, no Rio, em discurso na abertura de um seminário para discutir a PPP (Parceria Público-Privada), na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para Furlan, a idéia da PPP é boa, mas insuficiente para gerar os investimentos necessários para o país voltar a crescer e criar empregos. O ministro fez ainda uma ressalva à estabilidade.
"A estabilidade é boa, tudo que foi feito [para recuperar a confiabilidade internacional do país] é extraordinário. Nós do governo reconhecemos que são condições necessárias, mas não suficientes para que o Brasil entre em um ritmo de crescimento sustentável, com estabilidade, inflação baixa e, ao mesmo tempo, gerando emprego e renda", afirmou.

Conjuntura
Para o ministro, o mercado interno brasileiro está "muito fraco" após cinco anos consecutivos de queda na renda do trabalhador e são necessários estímulos à sua recuperação. Os investimentos em construção e em habitação popular seriam, com a iniciativa da PPP, alternativas para estimular a recuperação do mercado.
Furlan disse que o momento favorável vivido pelo Brasil pode ser avaliado pelo saldo da balança comercial, que, segundo ele, pode superar a meta de US$ 22 bilhões neste ano, pela queda da inflação e pela redução do risco-país, hoje na casa dos 500 pontos.
O ministro afirmou que o risco cairá para 400 pontos. "Estamos, eu e o ministro Palocci [Antonio Palocci Filho, ministro da Fazenda], com uma garrafa de champanhe na geladeira esperando o risco chegar aos 400 pontos."

Fundo
O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias, disse, durante o seminário, que está começando a negociar com o BNDES e investidores privados a criação de um fundo destinado a fazer investimentos em infra-estrutura no Brasil na modalidade PPP.
O fundo ainda não tem valor definido, mas, segundo Ricardo Figueiró, da área Internacional do BNDES, está sendo pensado algo em torno de US$ 1 bilhão.
O ministro do Tesouro e da Indústria do Reino Unido, Nigel Griffiths, que também esteve presente ao encontro, disse que em seu país a PPP já financiou, desde 1993, um total de 576 projetos, no valor de US$ 54 bilhões.


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