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INVESTIMENTO
Ministro diz que União e setor privado não aproveitam momento propício para estimular volta do crescimento
Furlan critica "falta de ousadia" do governo
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Luiz Fernando Furlan, criticou
ontem o que ele disse considerar
falta de iniciativas "mais ousadas"
por parte do governo e do setor
privado brasileiro na busca da retomada do desenvolvimento. Ele
defendeu para 2004 mais financiamentos para a construção civil,
especialmente à habitação popular, como alternativa para a geração de empregos.
"O Brasil não está, no meu modo de entender, aproveitando o
momento que tem hoje para fazer
com que as empresas e o próprio
governo tomem iniciativas mais
ousadas para a retomada do crescimento", afirmou o ministro, no
Rio, em discurso na abertura de
um seminário para discutir a PPP
(Parceria Público-Privada), na sede do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social).
Para Furlan, a idéia da PPP é
boa, mas insuficiente para gerar
os investimentos necessários para
o país voltar a crescer e criar empregos. O ministro fez ainda uma
ressalva à estabilidade.
"A estabilidade é boa, tudo que
foi feito [para recuperar a confiabilidade internacional do país] é
extraordinário. Nós do governo
reconhecemos que são condições
necessárias, mas não suficientes
para que o Brasil entre em um ritmo de crescimento sustentável,
com estabilidade, inflação baixa e,
ao mesmo tempo, gerando emprego e renda", afirmou.
Conjuntura
Para o ministro, o mercado interno brasileiro está "muito fraco" após cinco anos consecutivos
de queda na renda do trabalhador
e são necessários estímulos à sua
recuperação. Os investimentos
em construção e em habitação
popular seriam, com a iniciativa
da PPP, alternativas para estimular a recuperação do mercado.
Furlan disse que o momento favorável vivido pelo Brasil pode ser
avaliado pelo saldo da balança comercial, que, segundo ele, pode
superar a meta de US$ 22 bilhões
neste ano, pela queda da inflação
e pela redução do risco-país, hoje
na casa dos 500 pontos.
O ministro afirmou que o risco
cairá para 400 pontos. "Estamos,
eu e o ministro Palocci [Antonio
Palocci Filho, ministro da Fazenda], com uma garrafa de champanhe na geladeira esperando o risco chegar aos 400 pontos."
Fundo
O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias, disse, durante o seminário, que está começando a negociar com o BNDES e investidores privados a criação de
um fundo destinado a fazer investimentos em infra-estrutura no
Brasil na modalidade PPP.
O fundo ainda não tem valor
definido, mas, segundo Ricardo
Figueiró, da área Internacional do
BNDES, está sendo pensado algo
em torno de US$ 1 bilhão.
O ministro do Tesouro e da Indústria do Reino Unido, Nigel
Griffiths, que também esteve presente ao encontro, disse que em
seu país a PPP já financiou, desde
1993, um total de 576 projetos, no
valor de US$ 54 bilhões.
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