São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Meirelles alerta sobre riscos do crédito

Presidente do BC afirma que instituições financeiras precisam estar atentas à ampliação da concessão de empréstimos

Últimos dados do BC, de setembro, revelam que o volume de crédito cresceu pelo sétimo mês e chegou ao recorde de R$ 1,347 tri

TATIANA RESENDE
DA FOLHA ONLINE

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reiterou ontem a necessidade de que as instituições financeiras estejam atentas à ampliação na concessão de crédito no país "de maneira que possamos, agora, continuar a construir um sistema sólido dentro dessa trajetória de expansão do momento".
"O problema sempre aparece, é criado na expansão, mas se revela na retração", afirmou Meirelles durante palestra em seminário promovido pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). O presidente do BC disse ainda que "é muito fácil sermos complacentes em momentos em que a expansão começa a ficar acelerada".
Apesar de ressaltar que o Brasil foi um dos países menos afetados pela crise mundial, Meirelles destacou que é importante aprender "não só com o fracasso mas com o sucesso também, reforçando aquilo que deu certo".
Fabio Barbosa, presidente da Febraban, disse, na abertura do evento, que "o pior já passou, mas temos um longo caminho de volta rumo à retomada do ritmo de crescimento das operações de crédito e do nosso sistema financeiro".
A dificuldade no acesso ao crédito foi um dos impactos mais sentidos pelo Brasil no agravamento da crise, registrado, principalmente, a partir de setembro do ano passado.
O governo tomou uma série de medidas para irrigar o financiamento nos piores momentos da turbulência e chegou a injetar recursos dos bancos públicos em instituições menores, que precisavam do socorro para manter suas carteiras.

Valor recorde
Ainda com as dificuldades do crédito e a desconfiança do consumidor derrubando as vendas, o governo decidiu desonerar alguns itens, com redução da alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos, material de construção e eletrodomésticos da linha branca no intuito de incentivar o consumo.
Os últimos números divulgados pelo Banco Central, referentes a setembro, apontam que o volume de operações de crédito cresceu pelo sétimo mês seguido. O montante total de dinheiro emprestado chegou ao valor recorde de R$ 1,347 trilhão, com alta de 16,9% nos últimos 12 meses. A comparação em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) também foi recorde, com 45,7%.
Já a inadimplência no pagamento dos empréstimos, com atraso superior a 90 dias, caiu para 5,8% em setembro, ante 5,9% em agosto -a primeira queda desde setembro do ano passado, no início da crise.


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