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Crise afeta mercado de carbono
Relatório prevê que negócios com créditos não regulados pela ONU encolham de 62% a 76% neste ano
Mas projetos com base técnica e certificados por
padrão internacional
conseguem manter preços
em relação ao ano passado
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Relatório da empresa de pesquisas New Energy Finance
mostrou o mercado voluntário
de créditos de carbono como
uma das principais vítimas do
agravamento da crise financeira no fim do ano passado.
Apenas neste semestre os negócios apresentaram algum sinal de recuperação, depois de a
primeira metade do ano ter sido considerada "desastrosa".
A New Energy Finance prevê
que o ano termine com redução
de 62% a 76% ante o movimento de 2008. Os negócios devem
se restringir à faixa de US$ 171
milhões a US$ 261 milhões, pela comercialização de 69 milhões a 88 milhões de toneladas
equivalentes de CO2.
O motivo: a redução das
emissões globais de gás carbônico. A AIE (Agência Internacional de Energia) estima redução de 3% neste ano, reflexo da
crise econômica. Com essa diminuição, empresas deixaram
o mercado voluntário em segundo plano. Os negócios se
concentraram nos países com
metas obrigatórias, definidas
pelo Protocolo de Kyoto -entre eles o da União Europeia.
Segundo o relatório da New
Energy Finance, o preço da tonelada de CO2 chegou ao patamar médio de US$ 4 neste ano,
praticamente a metade da cotação praticada em 2008. No
fim do terceiro trimestre, em
reação, chegava a US$ 5,80.
O comércio de crédito de
carbono é um sistema que funciona com a compra e a venda
de unidades correspondentes à
redução da emissão de gases
causadores do efeito-estufa.
Pequenas se unem
Nesse cenário de retomada, a
consultoria CantorCO2e acertou a venda, para o Banco Mundial, de 206.178 toneladas geradas no Brasil. Usando a Metodologia do Carbono Social, que
trabalha com o conceito de associar outros benefícios à redução das emissões, os créditos tiveram preços entre US$ 7 e
US$ 8 por tonelada.
"Projetos bons o mercado remunera", diz Stefano Merlin,
presidente da Carbono Social
Serviços Ambientais. Metodologias reconhecidas pelo cuidado técnico têm a perspectiva de
serem aceitas em mercados regulados no futuro, afirma Divaldo Rezende, diretor-executivo da divisão brasileira da
consultoria CantorCO2e.
As reduções de emissões foram geradas em projetos de
biomassa renovável geridos pela Carbono Social em oito cerâmicas, localizadas em quatro
Estados -São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará. No
lugar de lenha nativa, essas pequenas empresas usaram bagaço de cana, caroço de açaí, casca
de arroz, poda de cajueiro, casca de coco, sementes de algaroba e serragem de madeira na
geração de energia. O projeto
do Carbono Social foi um dos
sete escolhidos pelo Banco
Mundial com o objetivo de
neutralizar emissões.
Para Carlos Henrique Delpupo, diretor da KeyAssociados, o
mercado voluntário tem lastro
na demanda por produtos e
serviços "ambientalmente corretos". Na preocupação das empresas com a própria reputação, aliar a imagem à redução
de emissões se integra à estratégia de marketing e ajuda na
fixação de marcas, diz.
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