São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Crise afeta mercado de carbono

Relatório prevê que negócios com créditos não regulados pela ONU encolham de 62% a 76% neste ano

Mas projetos com base técnica e certificados por padrão internacional conseguem manter preços em relação ao ano passado

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Relatório da empresa de pesquisas New Energy Finance mostrou o mercado voluntário de créditos de carbono como uma das principais vítimas do agravamento da crise financeira no fim do ano passado.
Apenas neste semestre os negócios apresentaram algum sinal de recuperação, depois de a primeira metade do ano ter sido considerada "desastrosa".
A New Energy Finance prevê que o ano termine com redução de 62% a 76% ante o movimento de 2008. Os negócios devem se restringir à faixa de US$ 171 milhões a US$ 261 milhões, pela comercialização de 69 milhões a 88 milhões de toneladas equivalentes de CO2.
O motivo: a redução das emissões globais de gás carbônico. A AIE (Agência Internacional de Energia) estima redução de 3% neste ano, reflexo da crise econômica. Com essa diminuição, empresas deixaram o mercado voluntário em segundo plano. Os negócios se concentraram nos países com metas obrigatórias, definidas pelo Protocolo de Kyoto -entre eles o da União Europeia.
Segundo o relatório da New Energy Finance, o preço da tonelada de CO2 chegou ao patamar médio de US$ 4 neste ano, praticamente a metade da cotação praticada em 2008. No fim do terceiro trimestre, em reação, chegava a US$ 5,80.
O comércio de crédito de carbono é um sistema que funciona com a compra e a venda de unidades correspondentes à redução da emissão de gases causadores do efeito-estufa.

Pequenas se unem
Nesse cenário de retomada, a consultoria CantorCO2e acertou a venda, para o Banco Mundial, de 206.178 toneladas geradas no Brasil. Usando a Metodologia do Carbono Social, que trabalha com o conceito de associar outros benefícios à redução das emissões, os créditos tiveram preços entre US$ 7 e US$ 8 por tonelada.
"Projetos bons o mercado remunera", diz Stefano Merlin, presidente da Carbono Social Serviços Ambientais. Metodologias reconhecidas pelo cuidado técnico têm a perspectiva de serem aceitas em mercados regulados no futuro, afirma Divaldo Rezende, diretor-executivo da divisão brasileira da consultoria CantorCO2e.
As reduções de emissões foram geradas em projetos de biomassa renovável geridos pela Carbono Social em oito cerâmicas, localizadas em quatro Estados -São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará. No lugar de lenha nativa, essas pequenas empresas usaram bagaço de cana, caroço de açaí, casca de arroz, poda de cajueiro, casca de coco, sementes de algaroba e serragem de madeira na geração de energia. O projeto do Carbono Social foi um dos sete escolhidos pelo Banco Mundial com o objetivo de neutralizar emissões.
Para Carlos Henrique Delpupo, diretor da KeyAssociados, o mercado voluntário tem lastro na demanda por produtos e serviços "ambientalmente corretos". Na preocupação das empresas com a própria reputação, aliar a imagem à redução de emissões se integra à estratégia de marketing e ajuda na fixação de marcas, diz.


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