São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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Brasil fecha acordo com o FMI; pacote de ajuda internacional é de US$ 41,5 bi

da Sucursal de Brasília

O governo brasileiro e organismos internacionais anunciaram ontem o acordo que permitirá ao país receber um socorro financeiro de pelo menos US$ 41,5 bilhões, em troca de compromissos de redução do déficit público e manutenção da estabilidade econômica.
Desse total, US$ 37 bilhões poderão ser usados nos próximos 12 meses. Os primeiros US$ 9 bilhões deverão ser liberados dentro de duas semanas.
O texto em inglês do acordo, chamado pelo governo de "Memorando de Política Econômica", foi divulgado ontem à tarde pelo ministro Pedro Malan (Fazenda), quase três horas antes da tradução oficial, colocada na Internet pouco depois das 19h.

Para honrar compromissos
No documento, a equipe econômica assume o compromisso de fechar o próximo ano com um déficit nominal de 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo Malan, os empréstimos para o país "são o resultado parcial de um processo (de negociação) que começou depois da moratória russa", em agosto último.
Em meio a uma crise de credibilidade que fez suas reservas perderem cerca de US$ 30 bilhões desde agosto, o Brasil está sendo socorrido porque o resto do mundo teme que os problemas financeiros iniciados na Ásia em 97 e agravados pela moratória da Rússia ganhem proporções planetárias.
A ajuda financeira objetiva dar ao Brasil condições de honrar seus compromissos externos a partir do próximo ano, que poderão ficar na casa de US$ 60 bilhões.
Os empréstimos virão do FMI (US$ 18 bilhões), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (US$ 4,5 bilhões), do Banco Mundial (US$ 4,5 bilhões) e dos países mais ricos por meio do Banco para Compensações Internacionais (US$ 14,5 bilhões).
Malan disse que o Brasil talvez não precise usar todo o dinheiro colocado à sua disposição, mas que isso dependerá do cenário externo e do sucesso do ajuste fiscal brasileiro.
Questionado sobre como e quando o governo iria usar os recursos desses empréstimos, Malan disse que isso será "feito de acordo com a condução da política econômica" nos próximos anos.

Empréstimos do FMI
No caso dos recursos do FMI, serão dois tipos de empréstimos.
O financiamento tradicional, conhecido como "stand by", terá US$ 5,4 bilhões, carência de cinco anos para pagamento e juros de 4,25% ao ano.
A outra linha de crédito do fundo, considerada de emergência, terá US$ 12,6 bilhões, prazo de 18 meses (prorrogável por mais 12) e juros anuais de 7,25%.
O empréstimo do BIS terá juros equivalentes à Libor (taxa do mercado londrino e referência internacional, hoje de 5,2% ao ano), mais uma taxa adicional entre 4,5 e 4,7 pontos percentuais. As condições dos empréstimos do BID e do Bird não foram reveladas.



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