São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

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FOGO AMIGO

Palocci elogia ministro e nega que colega vá sair do governo; Skaf afirma que não está pessimista nem desanimado

Governo e Fiesp minimizam crítica de Furlan

FABIANA FUTEMA
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE

Governo e empresários minimizaram as críticas feitas anteontem, em Hong Kong, pelo ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). O ministro disse que há uma "sensação geral de desânimo no país". Segundo Furlan, essa situação está afetando as iniciativas dos empresários.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou que não entendeu como críticas as declarações de Furlan. "Ele mostrou preocupações, que são justas", disse Palocci, ontem, em São Paulo após reunião com representantes da indústria automobilística.
"Fiquei preocupado porque ele se manifestou um pouco desanimado. Vou ligar para ele e falar para não perder o ânimo, pois o ministro Furlan é um grande incentivador dos projetos feitos neste ano. O resultado das contas externas é muito em função do trabalho pessoal e da equipe do ministro", acrescentou.
Palocci também negou que Furlan tenha manifestado disposição de sair do governo. "De forma alguma, o Furlan é um grande ministro, jamais manifestou indisposição em relação a continuar seu trabalho", afirmou.
Já o presidente do BNDES, Guido Mantega, atribuiu o "cansaço" de Furlan à persistente valorização do real. "Talvez o ministro Furlan estivesse um pouco decepcionado com o câmbio, que para ele é o motor do superávit comercial. Mas à medida que os juros caírem, vamos ter melhorias no câmbio", afirmou, após participar de seminário em São Paulo.
Segundo Mantega, o "governo tem um rumo muito claro" sobre as políticas que está implantando no país. "O governo tem um projeto de desenvolvimento que começou a ser implantado a partir do primeiro ano e está obtendo resultados muito bons. Esses projetos são combinados com uma política social e de crescimento." Para Mantega, o crescimento da economia brasileira é um indicativo do resultado positivo dessas políticas do governo Lula.
Segundo ele, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrará no próximo ano um crescimento de 4,5% a 5%. "Teremos um crescimento médio do PIB superior ao do governo anterior e o melhor dos últimos 12 anos", afirmou.
Um levantamento feito por Mantega, mostrou que de 1990 a 2002 a taxa média de crescimento anual foi de 1,9%. Ele destacou, ainda, o crescimento da indústria nos últimos dois anos.

Indústria
Já o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse, em almoço em São Paulo, que não está "pessimista" nem "desanimado" em relação à condução da política econômica no próximo ano. "Respeito a opinião do ministro Furlan, mas não se pode dizer que [o país] esteja desanimado. Há necessidade de reparos e ajustes na política econômica", afirmou Skaf.
A Fiesp estima que a economia cresça entre 2,5% e 3,5% em 2006, caso seja mantida a atual política macroeconômica. Com uma mudança de cenário -maior redução da Selic e um real menos apreciado- a expansão seria de 4,5%.
Para o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, Furlan "está revelando o verdadeiro sentimento do empresário". "Ele está frustrado como nós."


Colaborou a Reportagem Local

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