|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pacote isenta investimentos novos e limita alta de gastos
Planalto já definiu parte das medidas, que também incluem renovação da CPMF
Construção civil terá nova rodada de desonerações; plano fiscal valeria por dez anos e adotaria fórmulas permanentes para o mínimo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu ontem com
sua equipe algumas das medidas econômicas a serem divulgadas até o final do ano: prorrogação da CPMF até o final do
mandato com alíquota de
0,38%, renovação da DRU
(Desvinculação das Receitas da
União) em 20%, nova lista de
corte de impostos da construção civil e isenção para novos
investimentos produtivos.
Ficou fechado também que a
meta fiscal será limitar o aumento dos gastos públicos, fixando parâmetros para que
eles cresçam menos que a variação do PIB (Produto Interno
Bruto). Essa medida faria parte
de um plano fiscal com duração
de dez anos, e incluiria mecanismos permanentes de reajuste do salário mínimo.
Esse plano criaria limites de
gastos por áreas do governo,
atingindo, no caso dos salários,
inclusive os Poderes Legislativo e Judiciário. A avaliação da
equipe de Lula é que a Lei de
Responsabilidade Fiscal permite controlar os gastos com
pessoal de outros poderes sem
ferir sua autonomia.
Essa medida seria adotada
por meio de lei complementar.
Os órgãos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário teriam
autorização para conceder aumentos diferenciados para seus
servidores, mas suas folhas de
pagamento como um todo não
poderiam subir mais do que a
inflação -medida pelo IPCA-
e sua taxa de crescimento vegetativo (na faixa de 1,5% ao ano).
CPMF
No caso da prorrogação da
CPMF, o chamado imposto do
cheque, chegou a ser analisada
uma proposta de fazer uma redução gradual da alíquota, hoje
de 0,38%, durante o segundo
mandato. No médio prazo, ela
ficaria em 0,08%, tendo mais
um caráter fiscalizador (leia
também texto abaixo).
O Ministério da Fazenda, porém, receoso com as medidas
de desoneração que vão ser
adotadas, defendeu a prorrogação no segundo mandato mantendo a alíquota de 0,38%.
No caso da DRU, mecanismo
pelo qual o governo fica autorizado a gastar livremente 20%
de suas receitas vinculadas a
determinadas áreas, o governo
abandonou a idéia de subir esse
percentual. No início dos estudos, a proposta era subir esse
percentual para algo entre 25%
e 30%. A conclusão foi a de que
seria comprar uma briga desnecessária com diversos setores beneficiados com a vinculação -como saúde. A CPMF e a
DRU perdem validade no final
de 2007 e o governo precisa renová-las no Congresso.
Desoneração
Na reunião de ontem, da qual
participaram os ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo
Bernardo (Planejamento) e
Nelson Machado (Previdência), Lula acertou a definição de
medidas reivindicadas por Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento), também no encontro.
Foi ampliada a lista de produtos da construção civil que
terão redução de impostos, como IPI, para estimular um setor considerado um dos principais responsáveis por melhorias nas taxas de crescimento.
Será a terceira rodada de desoneração no governo Lula.
Furlan conseguiu também
apoio para sua proposta de
isentar de cobrança de PIS e
Cofins os novos investimentos
produtivos. O ministro costuma usar um argumento, repetido pelo presidente, de que no
caso dos novos investimentos
não há perda para o governo, já
que ainda não existe receita.
(VALDO CRUZ)
Texto Anterior: Lula já admite que país não cresce 5% Próximo Texto: CPMF pode virar "permanente", mas com alíquota decrescente Índice
|