São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Petróleo infla PIB per capita de sete cidades

Dados do IBGE revelam que indústria petrolífera faz com que cidade da Bahia tenha renda 32,4 vezes a média do país

Comparando com o IDH, renda per capita alta não é garantia de qualidade dos indicadores sociais das cidades; exceção é Paulínia


DA SUCURSAL DO RIO

Das dez cidades com os maiores PIBs per capita do país, sete têm suas economias sob influência direta da indústria do petróleo. Lidera o ranking a pequena São Francisco do Conde, na Bahia, onde está instalada a segunda mais importante refinaria do país. A renda lá é de R$ 315 mil por habitante -32,4 vezes a média brasileira, de R$ 9.729.
Com apenas 29.383 habitantes, a cidade baiana se mantém desde 1999 na primeira posição do PIB per capita.
Diante de um olhar desatento, poderia se imaginar que a sua população convivesse com indicadores socioeconômicos semelhantes aos dos europeus. Mas não é o que acontece. A cidade estava, em 2000, na 2.743ª posição no ranking brasileiro do IDH, indicador da ONU que se baseia em renda, mortalidade infantil, educação, expectativa de vida e outros indicadores socioeconômicos.
Sede do segundo maior pólo petroquímico do país, a pequena Triunfo (RS) tinha renda per capita de R$ 265 mil por habitante -a população era de 24.343 pessoas em 2004. No IDH dos municípios brasileiros, sua posição era a 869ª em 2000 (último dado disponível).
Maior extração de óleo na bacia de Campos não trouxe apenas o aumento da arrecadação dos royalties às cidades do norte fluminense: Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras e Macaé estão no rol dos dez maiores PIBs per capita do país.
Com apenas 15.319 moradores, a litorânea Quissamã desfruta de renda per capita de R$ 231 mil por habitante, o que a coloca na terceira posição. Carapebus estava na sexta colocação, com renda de R$ 167 mil. Mesmo mais populosa, Macaé (152 mil habitantes) figurava na décima posição -a renda per capita da cidade era de R$ 121 mil em 2004.
"A maioria das cidades tem suas economias baseadas no petróleo e, como possuem uma população relativamente pequena, seus PIBs per capita ficam bastante inflados", avalia Sheila Zani, gerente da pesquisa do PIB municipal.
Todas essas cidades foram beneficiadas tanto pelo incremento da produção de petróleo como pela elevação dos preços do produto nos últimos anos. De 1999 a 2004, a extração de óleo na bacia de Campos cresceu 40%.
A conjuntura favorável também ajudou a arrecadação municipal, ampliada com o recebimentos dos royalties pela exploração de óleo.
Nem assim, porém, os "emirados fluminenses" conseguiram boas posições no IDH. Macaé figurava na 806ª posição. Quissamã obteve apenas a 2.744ª colocação. Carapebus tinha a 2.142ª posição. Rio das Ostras aparecia no 1.188º lugar.
Uma exceção, porém, era a cidade paulista de Paulínia, onde está localizada a maior refinaria do país e cujo processamento de óleo bruto cresceu 23%. O município obteve o 42º melhor IDH do Brasil.
No outro extremo das cidades com menores PIBs per capita, encontrava-se a cidade de Apicum-Açu (Maranhão), cuja renda era de apenas R$ 763,36.
Dos 100 municípios com PIBs per capita mais baixos, 57 estavam localizados no Maranhão. No Ceará, estavam 25. Em Alagoas, dez. Outros quatro eram do Pará. A Bahia tinha dois. Em Tocantins e no Piauí, figurava uma cidade em cada Estado. (PEDRO SOARES)


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