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Para Abilio, consumo não deslancha no próximo ano
Presidente do conselho do Pão de Açúcar diz que alta de 3% do PIB ao ano não ajuda
Analistas, porém, prevêem alta maior do consumo; grupo prevê abrir 30 lojas
em 2007, sem contar os pontos da rede Extra Perto
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Abilio Diniz, presidente do
Conselho de Administração do
grupo Pão de Açúcar, a maior
rede de varejo do país, não crê
numa expansão considerável
do consumo em 2007. Diz não
entender de que forma isso
possa acontecer e acredita ainda que, "em algum momento, o
Brasil vai acordar" e o crescimento acontecerá. "Olha, eu dizer: "Pode se preparar porque o
consumo vai subir", bom, isso
não digo, porque não vai", afirma. "Enquanto o país crescer
do jeito que está, 3% ao ano, vai
ser difícil", afirmou ele.
Dados recentes mostram que
em 2006 houve uma expansão
tímida do varejo de alimentos,
principalmente, e de roupas.
Ontem, o empresário esteve
em encontro com analistas e
investidores na sede da empresa, em São Paulo, onde foram
apresentadas as perspectivas
de expansão da rede.
O grupo pretende chegar aos
R$ 25 bilhões de faturamento
em 2010 com 700 lojas espalhadas no país -hoje são R$ 16
bilhões em receita e 545 pontos. Para 2007, a empresa quer
abrir 30 novas unidades -o
Wal-Mart, concorrente da cadeia, prevê inaugurar 28 lojas.
Nessa conta do Pão de Açúcar
não estão incluídas as aberturas da nova rede do grupo, o Extra Perto. Para essa rede, Hugo
Bethlem, diretor-executivo,
prevê mais 50 a 60 pontos inaugurados em 2007.
A questão levantada por Abilio Diniz no encontro ontem esbarra num debate atual entre
especialistas. Economistas de
bancos e institutos de pesquisas crêem em um aumento de
3,6% a 5% no consumo das famílias em 2007. Na avaliação
do Ipea, por exemplo, a alta no
consumo privado deve bater
em 5,2%. A consultoria Gouvêa
de Souza prevê subida de 3,8%,
e a RC Consultores, de 3,6%.
O PIB, no entanto, deve se
expandir menos no próximo
ano -até 3,5%, segundo as últimas análises. Nesse cenário, se
o consumo subir 5% em 2007, a
demanda "atropelaria" o PIB e
seria movida a crédito no próximo ano também. O risco inflacionário seria amortecido pela
entrada de itens estrangeiros
baratos, segundo esses economistas.
"A expansão do consumo privado, principalmente de bens
duráveis, reflete diversos fatores, como a ampliação do crédito, a expansão da renda [...] e a
transferência do governo às famílias [projetos sociais]", informa o Ipea em seu último boletim, de dezembro.
Mas há um outro grupo de
especialistas que não crê num
repeteco desse quadro em 2007
e espera um desempenho mais
tímido -em linha, portanto,
com o discurso de Diniz.
Comércio eletrônico
Ainda ontem, o comando do
Pão de Açúcar informou que
pretende ampliar investimentos nos sites de venda do grupo.
Existe até uma discussão na
empresa em torno de uma integração dos sites do Pão de Açúcar e do Extra.
"Começamos mal com o
Amélia [o primeiro site do grupo]. Estamos revertendo isso",
disse Diniz. A intenção é investir R$ 40 milhões até 2010 nesse negócio.
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