São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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RISCO BRASIL
Valor dos bônus da República lançados pelo BC supera em 50% o inicialmente previsto; juros caem
Tesouro traz US$ 762 mi da Europa

Evelson de Freitas - 12.mar.99/Folha Imagem
Luiz Fernando Figueiredo, diretor de Política Monetária do BC


da Sucursal de Brasília

O Banco Central fez ontem um lançamento de US$ 762 milhões em bônus da República denominados em euros, a moeda da Comunidade Européia.
A emissão foi aberta às 9h15 (horário de Brasília) com um valor de 500 milhões de euros (US$ 508 milhões). No início da tarde, o BC anunciou a emissão adicional de 250 milhões de euros (US$ 254 milhões).
Os papéis, com prazo de dez anos, vão proporcionar aos investidores um rendimento de 11,25% anuais.
Segundo o Banco Central, a taxa de retorno é 5,74 pontos percentuais acima dos juros pagos pelos títulos de dez anos do Tesouro alemão.

Taxa mais baixa
Para Fábio Fukuda, da Consultoria Tendências, o BC pagou uma taxa relativamente baixa na colocação dos bônus, mais próxima da que os investidores exigem da Argentina, país com risco menor que o Brasil.
Como exemplo, ele cita uma colocação de 700 milhões de euros, com prazo de sete anos, feita pela Argentina na semana passada, que pagou 5,12 pontos percentuais superior à dos papéis do Tesouro alemão.
A nova emissão paga taxa menor que a do último lançamento de longo prazo feito pelo Brasil no mercado europeu, quando foram colocados 700 milhões de euros. Naquela ocasião, o Brasil pagou 6,85 pontos percentuais acima do Tesouro alemão por um bônus de sete anos.
Outro sinal da boa aceitação do papel brasileiro foi a ampliação em 50% do volume emitido.
"A demanda demostra o sucesso do lançamento", disse o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo.
Segundo ele, não está descartada a hipótese de a emissão ser novamente ampliada. "Aumentamos a oferta em 50%, mas isso não significa que vendemos títulos até o último demandante."
É muito comum a ampliação dos volumes emitidos em euros. Nesse mercado, há um intervalo de cerca de 15 dias entre a data de emissão de um bônus e a sua liquidação. Durante esse intervalo de tempo, a emissão permanece aberta e pode ser ampliada.

Mercado dos EUA
Figueiredo disse que o BC está monitorando constantemente o mercado de títulos no Estados Unidos neste início de ano para uma nova emissão. "Se surgir uma oportunidade muito forte, é possível uma emissão", disse.
Ele lembrou que, no início do ano, o Brasil resgatou cerca de US$ 900 milhões em principal e juros de IDU (um dos títulos da dívida externa renegociada em 1994) e que, teoricamente, parte dos investidores que detinham esses papéis é potencial compradora em uma nova emissão.
Essa foi a primeira incursão do BC neste ano no mercado internacional de títulos. A venda de papéis no exterior tem dois objetivos: formar preços de referência para lançamentos de bônus privados e captar moeda forte para ampliar as reservas em moeda estrangeira do BC.

Lançamentos em 1999
Durante o ano passado, o Banco Central fez lançamentos no mercado europeu com vencimentos em 2002, 2004 e 2006. O novo papel terá vencimento em 2010. Com isso, as empresas brasileiras vão encontrar taxas de referência para lançamentos de títulos privados entre dois e dez anos.
Nos últimos anos, devido aos efeitos das crises asiática (97) e russa (98), o crédito externo para empresas brasileiras recuou, os prazos encurtaram e o custo da captação aumentou.
Para o BC, também é importante captar dólares para serem usados para conter eventuais pressões no mercado de dólares.
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Daniel Gleizer, estima entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões o volume que será captado neste ano.



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