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MEMÓRIA
Crise lembra março de 95
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
Em março de 95, pressionado pela crise mexicana, o
mercado financeiro brasileiro viveu momentos semelhantes aos atuais.
Para evitar a excessiva valorização do real, o governo
instituiu o sistema de minibandas que vigorou até a última terça-feira.
O dólar, que valia R$ 0,858
no dia 3, uma sexta-feira,
subiu para R$ 0,886 na segunda. A variação foi de
3,26%. No mês, 5,22%.
Naquela época, o Ibovespa teve quedas diárias consecutivas (de 4% a 9,5%) a
partir da segunda-feira.
O índice chegou a cair
28,44% em apenas quatro
dias. Na sexta-feira, subiu
25,62% e depois entrou
num vaivém nervoso.
Como agora, houve fuga
de dólares. As reservas do
país caíram de US$ 38 bilhões em fevereiro para US$
32 bilhões em abril.
Em março saíram US$ 4
bilhões pelo câmbio comercial e US$ 2,4 bilhões pelo
flutuante. Em abril o fluxo
se equilibrou e o país passou a atrair dólares. De
março a dezembro de 95 o
Ibovespa subiu 31,44%.
A crise atual pode, em tese, repetir 95. O mercado,
passada a turbulência, assimilaria o novo sistema
cambial. Em seguida, novas
vitórias no Congresso.
Mas as chances de que isso ocorra são apenas teóricas. Os fundamentos da
economia -déficits público e externo- estão debilitados, e os mercados, mais
interligados e chamuscados
pelas últimas crises. O único fator positivo, agora, é o
guarda-chuva do Fundo
Monetário Internacional.
Muitos analistas dizem
que, se o governo tivesse
desvalorizado o real lá
atrás, o país viveria melhor
situação hoje. A dúvida é se
a inflação estaria onde está.
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