São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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MEMÓRIA

Crise lembra março de 95

GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

Em março de 95, pressionado pela crise mexicana, o mercado financeiro brasileiro viveu momentos semelhantes aos atuais.
Para evitar a excessiva valorização do real, o governo instituiu o sistema de minibandas que vigorou até a última terça-feira.
O dólar, que valia R$ 0,858 no dia 3, uma sexta-feira, subiu para R$ 0,886 na segunda. A variação foi de 3,26%. No mês, 5,22%.
Naquela época, o Ibovespa teve quedas diárias consecutivas (de 4% a 9,5%) a partir da segunda-feira.
O índice chegou a cair 28,44% em apenas quatro dias. Na sexta-feira, subiu 25,62% e depois entrou num vaivém nervoso.
Como agora, houve fuga de dólares. As reservas do país caíram de US$ 38 bilhões em fevereiro para US$ 32 bilhões em abril.
Em março saíram US$ 4 bilhões pelo câmbio comercial e US$ 2,4 bilhões pelo flutuante. Em abril o fluxo se equilibrou e o país passou a atrair dólares. De março a dezembro de 95 o Ibovespa subiu 31,44%.
A crise atual pode, em tese, repetir 95. O mercado, passada a turbulência, assimilaria o novo sistema cambial. Em seguida, novas vitórias no Congresso.
Mas as chances de que isso ocorra são apenas teóricas. Os fundamentos da economia -déficits público e externo- estão debilitados, e os mercados, mais interligados e chamuscados pelas últimas crises. O único fator positivo, agora, é o guarda-chuva do Fundo Monetário Internacional.
Muitos analistas dizem que, se o governo tivesse desvalorizado o real lá atrás, o país viveria melhor situação hoje. A dúvida é se a inflação estaria onde está.



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