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LUÍS NASSIF
Entre polêmicas, uma revolução
O projeto de reforma universitária do Ministério
da Educação merece uma discussão menos ideológica. Tem
o mérito de identificar vulnerabilidades básicas da universidade. Algumas vezes procura
atacar problemas certos por linhas tortas, resultando soluções tortas.
Incorre em um populismo indesculpável, com a adoção das
cotas raciais. A tentativa de
conciliar políticas compensatórias e meritocracia não parece bem resolvida. Ainda será
necessário muita discussão para avaliar o resultado final do
sistema de governança que se
pretende implementar. Às vezes parece incorrer em um corporativismo anacrônico, ao insistir em eleições diretas para
reitores e participação de funcionários e alunos em sistemas
de avaliação. Ao mesmo tempo, proporciona uma grande
flexibilização no sistema de
contratação do pessoal administrativo, permitindo aos reitores com visão administrativa
uma grande racionalização de
despesas, tirando das áreas-meio para as áreas-fim.
Mas o ponto mais relevante
do projeto é o PDI (Plano de
Desenvolvimento Institucional), uma espécie de PPA (Plano Plurianual) para a área
acadêmica. Poderá significar
uma revolução.
O PDI será qüinqüenal. Deverá apresentar perspectivas
de evolução da instituição, o
projeto pedagógico, o projeto
de desenvolvimento regional e
local da instituição. Terá que
contemplar a integração local
e regional da universidade,
acabando com o autismo, especialmente das universidades
de Estados mais distantes. Deverá trazer um raio-X da estrutura organizacional e de
gestão da instituição, assim como todos os galhos que saem
do tronco principal.
Importante: terá obrigatoriamente que definir objetivos
e metas de ensino, pesquisa e
extensão, detalhar seu orçamento, fontes de recursos e recursos alocados, assim como
sua contribuição para a realização dos objetivos e metas
propostos. Os orçamentos
anuais precisam guardar correspondência com o PDI.
Cada universidade assinará
um termo de compromisso
com o Ministério da Educação,
comprometendo-se com as metas fixadas no PDI, fazendo
um exercício de auto-avaliação, indicando potencialidades, carências e propostas para
a otimização dos recursos e a
solução dos problemas. Terá
que explicar a política para o
ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão, detalhando as normas de operacionalização, procedimentos para estimulo à produção acadêmica,
bolsas de pesquisas, monitoria
e demais modalidades de incentivo à pesquisa.
Essa auto-avaliação passará
até pela demonstração da relevância social e científica da
pesquisa, em relação aos objetivos institucionais explicitados no PDI.
No termo de compromisso, a
ser firmado com o MEC, a universidade deverá se comprometer com a melhoria contínua na qualidade da educação, com o aumento da oferta
de atividades que envolvam a
prestação de serviços essenciais
às comunidades.
Se implementado, pela primeira vez haverá régua e compasso para avaliar de forma
abrangente a produção universitária.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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