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CONTAS PÚBLICAS
Secretário do Tesouro afirma que governo federal terá mais compromissos neste ano, o que causará elevação
Levy diz que despesa com pessoal crescerá
GABRIELA WOLTHERS
MARCELO SAKATE
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, afirmou ontem no Rio de Janeiro que os gastos do governo federal com pessoal sofrerão um aumento neste
ano. Em vez de falar claramente
em crescimento de despesas, ele
preferiu usar a expressão "dinâmica mais extensa".
"Depois de dois anos, o governo
assumiu alguns compromissos
para 2005. Então, neste ano, a dinâmica será mais extensa. Neste
ano foram negociadas diversas e
importantes reavaliações de carreiras que terão um impacto."
"É uma conta a que tem que se
prestar atenção? É. O governo foi
responsável até agora? Foi. O ano
de 2005 vai ser um pouquinho
mais dinâmico? Será. Vamos
acompanhar e ver depois 2006."
De acordo com dados oficiais,
as despesas totais do governo federal atingiram 16,67% do PIB
(Produto Interno Bruto) em 2003
e aumentaram para 17,4% em
2004. O governo ainda não editou
o decreto de reprogramação da
previsão de gastos para 2005.
Levy afirmou que, apesar do aumento nos gastos com pessoal em
2005, a porcentagem em relação
ao PIB pode não sofrer grande alteração se o país apresentar um
crescimento satisfatório.
O secretário do Tesouro participou ontem do seminário "Cenários da Economia Brasileira e
Mundial em 2005", promovido
pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e "O Globo". Nas palestras,
especialistas criticaram o aumento de despesas do governo.
O presidente do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Luiz
Guilherme Schymura de Oliveira,
que ocupou o cargo de presidente
da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), apresentou
dados mostrando que, em 2003,
os gastos com salários de civis e
militares somaram R$ 35,59 bilhões. Em 2004, eles aumentaram
para R$ 37,06 bilhões.
Para ele, o governo federal precisa reduzir as despesas para que a
carga tributária do país possa cair.
Essa é a mesma opinião do ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia
Mundial da FGV, Carlos Langoni.
"Há uma tendência perigosa,
principalmente neste último ano,
de uma elevação dos gastos correntes do setor público combinada com o aumento da carga tributária", afirmou Langoni. "Essa é
uma fórmula que reduz o crescimento potencial da economia
brasileira."
"Temos que resistir ao populismo fiscal." Segundo Langoni, "a
qualidade do ajuste fiscal é tão importante quanto as metas de superávit primário, que vêm sendo
corajosamente superadas pelo
governo federal".
O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, presidente
da Associação Comercial do Rio
de Janeiro, também afirmou que
o aumento dos gastos do governo
federal é um dos motivos que não
permitem a queda da carga tributária. "O problema é a carga fiscal,
que está muito alta porque os gastos são elevados."
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