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Fed acena com mais reduções de juros
Para BC americano, riscos permanecem, crescimento deve ser lento nos próximos meses e melhorar no final do ano
Ao depor em comissão do Senado, Ben Bernanke, presidente da instituição, frisa que política monetária demora para fazer efeito
DA REPORTAGEM LOCAL
O encarecimento e a menor
disponibilidade do crédito devem contribuir para a desaceleração da economia dos EUA
nos próximos meses. No entanto, perto do final do ano, a
maior economia mundial voltará a ganhar velocidade, conforme começarem a ser sentidos os efeitos das medidas de
política monetária e estímulo
fiscal tomadas pelo BC americano e pelo governo Bush.
Esse foi o panorama que Ben
Bernanke, presidente do Federal Reserve (BC dos EUA), traçou, ontem, em depoimento à
Comissão de Bancos do Senado, deixando no ar também a
possibilidade de reduções de
juros adicionais se for preciso.
"Em parte como resultado
dos acontecimentos no mercado financeiro, o cenário para a
economia piorou recentemente, e os riscos de queda do crescimento aumentaram, incluindo a possibilidade de que o setor de imóveis e o mercado de
trabalho se deteriorem mais do
que o previsto", disse, evitando,
porém, tocar na palavra recessão, que tem assombrado o país
e o mundo.
"O Comitê de Política Monetária do Fed avaliará cuidadosamente as informações sobre
o ritmo da economia e agirá no
devido tempo para apoiar o
crescimento e dar a necessária
segurança contra os riscos negativos", disse Bernanke.
Na mesma audiência, Henry
Paulson, secretário do Tesouro
americano, mostrou que compartilha da avaliação do Fed,
mas com tom mais otimista.
"Acho que nossa economia
continuará avançando, mas o
seu ritmo nos próximos trimestres será menor do que o observado ultimamente", comentou.
Na sua opinião, as turbulências
no mercado imobiliário e de
crédito são conseqüência de
uma correção técnica e não significam uma crise.
Bernanke também espera
que a inflação ao consumidor
diminua, bem como as expectativas para os preços no longo
prazo. "Estaremos monitorando de perto a situação", frisou.
Desde agosto, quando estourou a crise imobiliária nos EUA,
a autoridade monetária já reduziu a sua taxa básica de juros
cinco vezes: ela passou de
5,25% para 3% ao ano. A redução aliviou os mutuários em dificuldades para pagar as suas
mensalidades. Mas, diante dos
crescentes prejuízos com a inadimplência, as instituições financeiras têm restringido novos empréstimos.
A fim de impulsionar o consumo, o governo Bush também
lançou um pacote de restituição e descontos de impostos
para empresas e pessoas físicas.
O pacote oferece cerca de US$
168 bilhões em estímulos e foi
assinado por Bush anteontem.
Paulson aproveitou para elogiar a atuação do Congresso,
que apoiou o plano.
Em Wall Street, crescem as
apostas de que o país ruma para
uma recessão, apesar dos esforços das autoridades do governo
em acalmar os ânimos.
No último trimestre do ano
passado, o PIB americano teve
uma alta de apenas 0,6%. O
mercado de trabalho também
dá sinais de enfraquecimento.
Para os analistas, esses números negativos sustentariam
mais reduções de juros até junho, até que a taxa ficasse entre
2,5% e 2% ao ano.
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