DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva impressionou os maiores exportadores do Brasil pela sua disposição em ouvir as reivindicações dos diversos setores e passou toda reunião -que durou cerca de três horas- anotando os discursos dos empresários.
"Acho que ele tranquilizou todos os que estavam presentes. Ele demonstrou flexibilidade e boa vontade. Foi uma surpresa ver a clareza didática do presidente", disse o empresário Antonio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim. "A opinião sobre o Lula vai mudando com o tempo. Eu não votei no Lula, todo mundo sabe disso. O meu interesse é ver o Brasil crescendo", completou.
Moraes participou da campanha de José Serra (PSDB).
Segundo ele, Lula não entrou em detalhes sobre as dificuldades macroeconômicas do país nem deu justificativas sobre a impossibilidade de pressa nas mudanças.
"O presidente foi discreto. Ele não está aqui para ficar reclamando de ninguém", disse, se referindo às críticas de Lula à herança recebida do ex-presidente FHC, amigo de Ermírio.
Segundo um relato, Lula disse que não ficará "olhando para trás", e sim "para a frente".
Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce, se disse "empolgado" e "impressionado" com a transparência e a objetividade de Lula. "Não é costume o presidente anotar por quase três horas", disse.
A compenetração do presidente contrastou com seu comportamento nos outros encontros que manteve com diversos setores econômicos, quando esteve mais descontraído e falou mais.
Lula já se reuniu com empresários dos setores de construção, álcool, automóveis, bancos e de florestas plantadas.
Ao final do encontro, o presidente aproveitou para pedir apoio "criativo" dos empresários ao Fome Zero, principal programa social do governo.


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