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Lucro da Petrobras cresce menos que média do setor
Ganho em dólar sobe 19,6% em 2006, contra 41% das grandes petrolíferas das Américas
Altos custos de produção, recuo do barril do petróleo e defasagem em relação a preços internacionais afetam desempenho, dizem analistas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras registrou em
2006 o quarto maior lucro entre as petroleiras de capital
aberto das Américas (US$
12,123 bilhões), mas sua rentabilidade foi menor que em
2005, o lucro ficou abaixo da
média das empresas mais lucrativas e seu valor de mercado
caiu 12% neste ano. É o que revela estudo da consultoria Economática, a pedido da Folha.
Em 2006, a brasileira só lucrou menos do que as gigantes
americanas ExxonMobil (US$
39,5 bilhões), Chevron Texaco
(US$ 17,138 bilhões) e ConocoPhilips (US$ 15,55 bilhões).
Na comparação com 2005,
porém, o lucro em dólar da Petrobras subiu 19,6% (US$
10,136 bilhões), abaixo da alta
de 50,6% de 2005 e do crescimento médio de 41,1% das 12
petroleiras mais lucrativas do
continente. Em 2005, as petroleiras viram seus lucros crescerem 63,4% em média.
Para especialistas, custos
mais altos de produção e queda
do preço do petróleo e do faturamento no quatro trimestre
afetaram o desempenho da
maior empresa do país. Outro
destaque negativo foi uma expansão da produção de óleo
(5,5%) aquém do previsto.
Adriano Pires, da consultoria
CBIE, ressalta que o fato de a
estatal ter mantido em 2006
(ano eleitoral) seus preços defasados em relação aos internacionais até o terceiro trimestre
também prejudicou o lucro.
"É evidente que poderia ter
lucrado se não tivesse de atender a interesses políticos", disse ele. Os reajustes só ocorreram após a eleição de outubro.
Todos esses fatores, dizem,
levaram a estatal a obter uma
rentabilidade (medida pelo
ROE, retorno sobre o patrimônio) um pouco mais baixa em
2006 sobre 2005 -29,4% contra 33,6%. Mesmo assim, ainda
é um ganho bastante elevado se
comparado a outros setores.
O resultado ruim do quarto
trimestre e a queda do preço do
petróleo também tiveram impacto no desempenho na Bolsa. Seu valor de mercado caiu
de US$ 106,8 bilhões no final
de 2006 para US$ 94 bilhões
no último dia 8, cedendo o posto de maior companhia aberta
da América Latina para a mexicana America Móvil.
O estudo considera só empresas com ações em Bolsa, o
que exclui as estatais PDVSA
(Venezuela) e Pemex (México).
Marcos Paulo Fernandes, da
corretora Fator, atribui o desempenho mais fraco à redução das cotações do petróleo e à
conseqüente queda de receita.
Para ele, a estatal viu sua
margem de lucro recuar no fim
do ano porque os custos se
mantiveram elevados e o preço
de venda dos produtos caiu na
esteira do recuo do petróleo.
Desde outubro de 2005,
quando o petróleo estava na
faixa de US$ 60 o barril, gasolina e diesel não são reajustados.
Em julho, encostou nos US$ 80
e foi até os US$ 50 em janeiro.
Hoje, está perto de US$ 60.
Segundo a estatal, seus "preços estão alinhados ao mercado
externo" no horizonte de longo
prazo e os custos "seguem em
linha" com os do setor.
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