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Mantega quer manter meta de inflação
Ministro defende que o objetivo atual de 4,5% seja mantido até 2009, apesar de o mercado prever índices menores
"Querer inflação baixa todo mundo quer, a questão é se o país tem condições", diz ministro; para ele, índice menor pode segurar PIB
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A meta de inflação para
2009, que só será definida pelo
governo em junho, continuará
em 4,5% ao ano, no que depender do ministro Guido Mantega
(Fazenda). Ele quer ainda manter a meta já anunciada para
2008, também de 4,5%.
Para o ministro, se optar por
uma inflação menor, o governo
pode reduzir o crescimento da
economia. O PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
promete um aumento de 5% ao
ano no PIB a partir do ano que
vem. A média no primeiro
mandato de Lula foi de 2,6%.
Segundo Mantega, a filosofia
atual do governo é uma inflação
"controlada", que não exija do
Banco Central um aumento na
taxa de juros que iniba a economia. Ele nega, porém, que esteja fazendo uma defesa do aumento de preços ou que se
abandone o combate à inflação.
"Não sou a favor de uma inflação maior. Sou a favor de
uma inflação sob controle. Se a
gente conseguir 4% [de inflação em 2009], será importante
essa conciliação [com o crescimento]. O que não dá é como se
fazia no passado, que [o governo] ambicionava uma inflação
muito baixa e aí não conseguia
inflação baixa nem crescimento. Querer inflação baixa todo
mundo quer, a questão é se o
país tem condições", disse.
Mantega, com os colegas
Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (Banco Central), integra o CMN
(Conselho Monetário Nacional), responsável por fixar a
meta para a inflação. O percentual definido pelos ministros
serve como indicador para que
o BC calibre a taxa de juros.
Se os preços estão subindo
muito, e os diretores do BC
acham que a inflação pode ficar
acima da meta estabelecida pelo CMN, sobem os juros. Se os
preços caem, o movimento na
taxa de juros é o oposto.
Assim, se o CMN exigir que a
inflação fique muito baixa, estará, em outras palavras, sinalizando que o BC precisará subir
os juros para forçar uma queda
de preços. Pelo raciocínio, vale
a pena tolerar um pouco mais
de inflação para que a expansão
da economia não seja menor.
Por outro lado, os economistas que defendem uma meta de
inflação mais baixa argumentam que não será preciso aumentar os juros e, portanto, sacrificar crescimento, nas condições atuais da economia.
O mercado financeiro já projeta inflação de 3,87% para este
ano e de 4% para 2008 e 2009.
Portanto, se o governo baixasse
a meta para algo próximo a 4%,
estaria apenas confirmando as
expectativas e não haveria necessidade de subir os juros para
convencer o mercado financeiro de que a meta é factível.
Por esse raciocínio, o país estaria perdendo oportunidade
para baixar mais a inflação.
Mantega também se preocupou em desfazer mal-estar criado com o BC durante audiência
no Senado para explicar o PAC.
Anteontem, o ministro dissera
que o BC seria obrigado a buscar uma inflação de 4,5%, que é
o centro da meta definida, deixando implícito que não aceitaria uma taxa abaixo desse percentual. Ontem, pôs panos
quentes. "É difícil acertar o
centro da meta. O BC fará e já
está fazendo a política adequada para perseguir o centro da
meta." Segundo ele, as declarações no Congresso foram distorcidas pela imprensa.
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