São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Mantega quer manter meta de inflação

Ministro defende que o objetivo atual de 4,5% seja mantido até 2009, apesar de o mercado prever índices menores

"Querer inflação baixa todo mundo quer, a questão é se o país tem condições", diz ministro; para ele, índice menor pode segurar PIB


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A meta de inflação para 2009, que só será definida pelo governo em junho, continuará em 4,5% ao ano, no que depender do ministro Guido Mantega (Fazenda). Ele quer ainda manter a meta já anunciada para 2008, também de 4,5%.
Para o ministro, se optar por uma inflação menor, o governo pode reduzir o crescimento da economia. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) promete um aumento de 5% ao ano no PIB a partir do ano que vem. A média no primeiro mandato de Lula foi de 2,6%.
Segundo Mantega, a filosofia atual do governo é uma inflação "controlada", que não exija do Banco Central um aumento na taxa de juros que iniba a economia. Ele nega, porém, que esteja fazendo uma defesa do aumento de preços ou que se abandone o combate à inflação.
"Não sou a favor de uma inflação maior. Sou a favor de uma inflação sob controle. Se a gente conseguir 4% [de inflação em 2009], será importante essa conciliação [com o crescimento]. O que não dá é como se fazia no passado, que [o governo] ambicionava uma inflação muito baixa e aí não conseguia inflação baixa nem crescimento. Querer inflação baixa todo mundo quer, a questão é se o país tem condições", disse.
Mantega, com os colegas Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (Banco Central), integra o CMN (Conselho Monetário Nacional), responsável por fixar a meta para a inflação. O percentual definido pelos ministros serve como indicador para que o BC calibre a taxa de juros.
Se os preços estão subindo muito, e os diretores do BC acham que a inflação pode ficar acima da meta estabelecida pelo CMN, sobem os juros. Se os preços caem, o movimento na taxa de juros é o oposto.
Assim, se o CMN exigir que a inflação fique muito baixa, estará, em outras palavras, sinalizando que o BC precisará subir os juros para forçar uma queda de preços. Pelo raciocínio, vale a pena tolerar um pouco mais de inflação para que a expansão da economia não seja menor.
Por outro lado, os economistas que defendem uma meta de inflação mais baixa argumentam que não será preciso aumentar os juros e, portanto, sacrificar crescimento, nas condições atuais da economia.
O mercado financeiro já projeta inflação de 3,87% para este ano e de 4% para 2008 e 2009. Portanto, se o governo baixasse a meta para algo próximo a 4%, estaria apenas confirmando as expectativas e não haveria necessidade de subir os juros para convencer o mercado financeiro de que a meta é factível.
Por esse raciocínio, o país estaria perdendo oportunidade para baixar mais a inflação.
Mantega também se preocupou em desfazer mal-estar criado com o BC durante audiência no Senado para explicar o PAC. Anteontem, o ministro dissera que o BC seria obrigado a buscar uma inflação de 4,5%, que é o centro da meta definida, deixando implícito que não aceitaria uma taxa abaixo desse percentual. Ontem, pôs panos quentes. "É difícil acertar o centro da meta. O BC fará e já está fazendo a política adequada para perseguir o centro da meta." Segundo ele, as declarações no Congresso foram distorcidas pela imprensa.


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