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VEÍCULOS
Secretário diz que a arrecadação recua toda vez que há queda de alíquota; prorrogação ainda é dúvida
Receita se mantém contra acordo do IPI
da Sucursal de Brasília
O secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, afirmou ontem
que o ganho de arrecadação não
serve como argumento para a
prorrogação da redução do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis. O
benefício vence em maio.
"Usar o aumento da arrecadação
para justificar a prorrogação do
benefício não é um argumento válido. Os fatos apontam para a direção contrária", afirmou Maciel.
"Não há novidade na minha posição", completou o secretário.
Desde meados do ano passado,
quando as montadoras reivindicaram a redução do IPI para automóveis, a Receita mantém-se contrária à idéia. O governo acabou
cedendo às pressões das empresas
e diminuiu as alíquotas entre agosto e dezembro de 98.
A alíquota do IPI sobre os modelos populares caiu de 10% para 5%.
Para os veículos médios, para 17%
(era de 25% e de 30%).
Apesar da posição da Receita, os
ministros que deverão decidir se o
governo vai prorrogar ou não o benefício para as montadoras ainda
não firmaram suas posições.
Ontem, o ministro Celso Lafer
(Desenvolvimento) afirmou que
será analisado o comportamento
da arrecadação em relação ao benefício concedido. Também será
avaliada a redução nos preços dos
veículos aos consumidores finais.
"O acordo foi emergencial", disse.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro Pedro Malan
(Fazenda) informou que o ministério fará a avaliação do tema no final do prazo do benefício e que
qualquer outra versão é lobby.
Maciel, entretanto, busca dados
para reforçar sua posição. "A conclusão mais trivial é que, quando a
alíquota de um imposto cai, a arrecadação também é reduzida", disse o secretário. "Toda vez que a
medida foi adotada, a perda de receita do imposto foi de 40% a
50%", acrescentou.
O secretário da Receita destacou
uma equipe da área de fiscalização
para investigar os recolhimentos
de IPI realizados pelas montadoras
desde o início de 97. O objetivo é
contar com a dimensão exata do
impacto da redução do imposto na
arrecadação. A análise dos dados
colhidos não está concluída.
Os números da arrecadação do
primeiro trimestre deste ano divulgados ontem pelo fisco apontam que a receita do IPI incidente
sobre veículos vem caindo desde
fevereiro. Mas esses dados incluem
créditos e débitos que deverão ser
eliminados no levantamento do
fisco. Em março, essa receita foi de
R$ 22,2 milhões, cifra que representa queda de 56,25%, em comparação com fevereiro. No trimestre,
caiu 29,0%, em comparação com
igual período de 98.
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