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COLAPSO DA ARGENTINA
Emissão vai pressionar inflação
Governo quer imprimir moeda para devolver depósito bloqueado
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino quer liberar em dinheiro boa parte dos depósitos presos no curralzinho e, para evitar a quebradeira dos
bancos, estaria disposto a imprimir até 17 bilhões de pesos.
Segundo o jornal "El Cronista",
o Banco Central estaria de acordo
com a pesada emissão de moeda,
que também já teria sido apresentada aos banqueiros do país.
Inicialmente, o governo daria
um fim gradual no congelamento
das contas correntes e cadernetas
de poupança. Para não comprometer os bancos, o BC colocaria
os pesos impressos à disposição
das instituições por meio de sua
linha de redescontos. Já os depósitos a prazos fixos (espécie de
CDI) seriam mesmo devolvidos
como bônus, mas denominados
em pesos -e não mais em dólares, como foi estudado. Eles, agora, poderiam ser usados para o
consumo de bens duráveis e para
o pagamento de dívidas.
O governo estuda oferecer imóveis ociosos do Estado como garantia, já que os bancos não aceitaram garantir os bônus com recursos próprios. No entanto, esses bens valeriam 1,6 bilhão de pesos, contra os 33 bilhões de pesos
dos depósitos em prazo fixo.
Para analistas, a estratégia poderá ser eficiente para destravar o
curralzinho e reaquecer a economia sem colocar em risco o sistema financeiro. Porém, o plano
também deverá alimentar a inflação e a alta do dólar.
Além disso, a grande emissão de
moeda deve enfrentar a oposição
do FMI (Fundo Monetário Internacional). Para a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger,
o governo deveria é devolver os
recursos presos no curralzinho
com bônus de curto prazo, que
seriam resgatados gradualmente.
Lavagna admitiu que o FMI não
deve liberar "dinheiro fresco" para a Argentina mesmo após um
acordo. Ele acredita que os recursos a serem liberados farão parte
de uma linha de crédito já existente, de US$ 9 bilhões.
A falta de solução para o curralzinho e a oposição da Câmara
pressionaram a cotação do dólar,
que fechou a 3,35 pesos ontem.
Piquetes e indicadores
Centenas de piqueteiros fizeram
ontem manifestações em várias
regiões do país, apesar do cancelamento da greve geral. Os piqueteiros bloquearam ruas e estradas
de acesso a Buenos Aires e também complicaram o trânsito em
outras dez Províncias.
Já a greve geral, que deveria ter
sido ontem, mas foi cancelada, vai
acontecer na próxima semana.
Outros dois índices divulgados
ontem mostraram de maneira
dramática o desaquecimento da
econômica argentina. A construção civil em Buenos Aires caiu
90% nos últimos dois anos.
Já o consumo de gasolina caiu
34% nos quatro primeiros meses
deste ano. No mesmo período, o
preço do produto subiu 33%, em
vários reajustes semanais.
Para conter altas ainda maiores,
o governo resolveu ontem aumentar o imposto sobre exportação de gasolina de 5% para 20%.
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