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Alta dos juros custará quase R$ 7 bilhões em 12 meses
Mais títulos indexados à taxa encarecem controle de preços
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento na parcela dos títulos indexados à taxa básica de
juros na dívida pública elevou o
custo que o país terá para segurar a inflação neste ano.
A alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic anunciada pelo Banco Central no final de
abril vai gerar um gasto extra
de R$ 6,7 bilhões nos próximos
12 meses para o setor público
com o pagamento de juros.
O valor é maior do que o verificado no ciclo anterior de aumentos da Selic, em 2008. No
segundo semestre daquele ano,
foram realizadas duas elevações dessa mesma magnitude,
mas com impacto médio de R$
5,1 bilhões cada uma.
A participação da taxa básica
na dívida chegou ao patamar
recorde de 70,4% no início de
2010. No começo do governo
Lula, estava abaixo de 50%.
A dívida pública teve uma
melhora no perfil nos últimos
anos. Além de ter caído na comparação com o PIB (soma dos
bens e serviços produzidos no
período), ficou menos vulnerável em relação às oscilações do
dólar, já que o país deixou de
ser devedor em moeda estrangeira para se tornar credor.
Por outro lado, a dívida está
mais atrelada a outros indicadores, como a taxa básica de juros e os índices de inflação.
Dependência
O problema em relação à dependência da taxa básica não
está nos títulos negociados pelo
Tesouro Nacional, cuja participação na dívida caiu para menos de 30%, mas nos papéis negociados pelo BC.
A instituição vende títulos de
curto prazo para tirar dinheiro
do mercado e equilibrar o nível
de recursos na economia. O estoque desses títulos cresceu
40% em 2009 e chegou ao recorde de R$ 500 bilhões.
Cálculos da consultoria Tendências mostram que, somente
nesse ano, o setor público terá
despesa adicional de R$ 10 bilhões por conta do aumento esperado para a taxa básica. A Selic deve passar dos atuais 9,50%
para 11,25% ao ano no final de
2010, de acordo com a média de
previsões do mercado.
O número representa um aumento de quase 6% em relação
aos juros pagos no ano passado
pelo setor público, que somaram R$ 169 bilhões.
De acordo com o economista
Felipe Salto, da Tendências, a
variação na taxa média de juros
neste ano será menor do que
em 2008. O efeito dessa alta na
dívida, no entanto, será maior.
"O total da dívida cresceu e
boa parte das operações do BC
é realizada com títulos atrelados à Selic. Por isso, cada vez
mais esses aumentos de juros
vão impactar de forma mais expressiva os pagamentos feitos
pelo governo", afirmou.
Mesmo em 2009, quando o
BC reduziu a Selic, o pagamento de juros aumentou em R$ 6
bilhões. Além do aumento da
dívida e da inflação, pesou o fato de o governo hoje perder receita com a queda do dólar, com
a remuneração menor dos recursos do BNDES corrigidos
pelo câmbio, por exemplo.
Esses mesmos fatores já afetam as contas do governo novamente neste ano. "A inflação foi
responsável pelo aumento no
resultado dos juros em março.
E ainda há uma dificuldade em
fazer uma grande substituição
de títulos por papéis prefixados", diz o economista.
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