São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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AVIAÇÃO

Entidade diz desconhecer documento em que abdica de controle acionário

Fundação diverge de conselho na Varig

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumenta o desencontro entre os discursos da Fundação Ruben Berta, controladora da Varig, e do conselho de administração da aérea, formado por executivos indicados pela própria fundação.
Conforme a Folha antecipou no último dia 9, o conselho de administração preparou um documento para que a fundação abra mão do controle acionário antes da venda de ações da companhia à aérea portuguesa TAP ou a qualquer outro investidor.
Ontem, David Zylbersztajn, presidente do conselho, deu mais detalhes sobre o teor do documento e afirmou que a concordância dos curadores da fundação é um requisito da continuidade de seu trabalho. "É condição primordial e essencial para que as coisas continuem a avançar."
Segundo a Folha apurou, os executivos da administração, nomeados no início de maio, podem deixar os cargos na Varig se o documento não for assinado.
A Fundação Ruben Berta, no entanto, afirma desconhecer a existência do documento e diz que a única idéia próxima desse acerto é a que foi detalhada no dia 17 de maio em audiência pública no Congresso Nacional: a possibilidade de a entidade transferir transferir provisoriamente o controle a um fundo de investimento e participações. Foi citada a BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, como exemplo do tipo de instituição pretendida para a transação.
Já Zylbersztajn revela que o documento transfere o usufruto das ações da Varig a uma empresa que estaria no nome dele mesmo e de outros conselheiros. Só assim, segundo ele, haveria autonomia total para negociar e levar adiante o salvamento da aérea.
Com o usufruto, os conselheiros poderiam exercer o direito de voto das ações e, com isso, dê à empresa o destino que bem entenderem -sem necessitar mais da aprovação posterior da fundação. Hoje, embora a fundação diga que deu carta branca ao conselho, mantém o direito de dar a palavra final sobre as negociações.
Com esses termos, a proposta deve enfrentar grande dificuldade para ser aprovada pela fundação. Nos corredores da Varig, há quem diga que o atual conselho não dura até agosto.

Rotas internacionais
Ontem, em coletiva à imprensa, Marco Antonio Bologna, presidente da TAM, comentou os efeitos da negociação TAP-Varig nas rotas internacionais brasileiras.
Segundo ele, a TAP não poderá assumir rotas da Varig em razão dos acordos de bilateralidade entre os países que exigem que, na eventual saída de uma aérea, outra da mesma nacionalidade assuma a operação. "Os regulamentos não foram mudados", afirmou.
Bologna disse que a TAM brigará para participar desse mercado.


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