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TRABALHO
Chapa ligada ao PSTU, que acusa CUT de ser "chapa branca", alega que listas de funcionários aptos a votar são suspeitas
Justiça suspende eleição dos bancários
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A eleição para a nova diretoria
do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, filiado à CUT, foi suspensa
ontem por decisão da Justiça do
Trabalho a pedido da chapa de
oposição, ligada ao PSTU.
O processo eleitoral estava previsto para começar ontem, mas a
oposição conseguiu uma liminar
alegando suspeita de fraude nas
listagens de bancários e funcionários aposentados aptos a votar.
No balanço social publicado no
início deste ano, a entidade divulgou ter 60 mil sócios. Nas listas
entregues pela comissão eleitoral
às duas chapas que disputam a direção do sindicato havia 43.484
bancários com direito à voto.
A 78ª Vara do Trabalho de São
Paulo concedeu a liminar à oposição, deu prazo para que a situação
seja regularizada em dez dias e deve marcar uma audiência de conciliação entre as duas chapas.
"Em razão de que a diferença de
aproximados 15 mil associados
apurados entre a listagem divulgada e o balanço apresentado impõe severo gravame a viabilização
da campanha eleitoral", afirma a
juíza Erotilde Ribeiro dos Santos
Minharro, em sua decisão.
Desde 1997, a eleição pelo comando da entidade não era disputada por duas chapas. Dono de
um orçamento anual de cerca de
R$ 36 milhões, o sindicato representa 106 mil bancários em São
Paulo, Osasco e região.
Encabeçada pelo atual presidente do sindicato, Luiz Claudio
Marcolino, a chapa 1 reúne dirigentes de três correntes sindicais
da CUT -a Articulação Sindical,
a Frente de Esquerda Socialista e a
Corrente Sindical Classista. Funcionário do Itaú desde 1989, Marcolino é considerado como "moderado" no movimento sindical.
Lidera a chapa 2 Dirceu Travesso, diretor do sindicato que integra a chamada ala "radical" da entidade. Ex-candidato à Prefeitura
de São Paulo pelo PSTU, o sindicalista já trabalhou em bancos
privados e desde 1984 é funcionário da Nossa Caixa.
A disputa interna por poder entre os bancários ficou evidente
com a greve da categoria em outubro do ano passado. A paralisação de 30 dias foi resultado do impasse nas negociações salariais e
da falta de sintonia entre o que
queriam os trabalhadores e o que
negociavam os sindicalistas.
A direção do sindicato fez acordo e aceitou o reajuste oferecido
pelos bancos -de 8,5%. O PSTU
foi ao horário político convocar
os bancários para a greve. Depois
de a Justiça definir o reajuste dos
empregados da Caixa e do Banco
do Brasil, o setor privado encerrou a greve e fechou acordo -o
reajuste foi mantido, mas houve
uma diferença de quase R$ 500 no
valor da cesta-alimentação que
permitiu que os bancários do setor privado aceitassem a oferta.
"O sindicato perdeu a independência, a coerência e a combatividade porque está atrelado ao governo. A atual direção é ligada ao
pessoal com cargos no governo,
em fundos de pensão e participa
do conselho de empresas. O sindicato virou trampolim para cargos
e negócios", diz Travesso ao se referir aos ministros Ricardo Berzoini (Trabalho) e Luiz Gushiken
(Comunicações), que já presidiram o sindicato.
As críticas à CUT e ao modo como os sindicalistas agem em relação ao governo Lula, que historicamente é ligado à central, tem
surgido no movimento sindical
em vários setores. Em março, o
Andes (sindicato nacional de docentes das instituições de ensino
superior), que representa 74 mil
professores das universidades públicas e privadas, encaminhou pedido de desligamento da CUT,
após 16 anos filiado à central.
Recurso
A chapa 1 entrou com recurso
ontem na Justiça na tentativa de
cassar a liminar que suspendeu a
eleição. A juíza deve avaliar em
até 48 horas o pedido.
"É um absurdo essa tentativa de
desqualificar a eleição. A última
listagem é a mais atualizada. O balanço social pode falar em 60 mil
sócios, mas não separa os aptos a
votar", diz Marcolino. "Por que
esperaram até agora para contestar os dados? Por medo de perder
a eleição." A comissão eleitoral informa que os representantes das
duas chapas participaram de todo
o processo de organização da eleição. "Eles receberam a listagem,
conferiram e assinaram recibos.
O processo eleitoral está sendo
conduzido com transparência",
diz Pedro Sardi, bancário e representante da comissão.
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