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Previ tem "excesso" de R$ 36 bi em caixa
Fundo de pensão dos funcionários do BB debate até devolver contribuições a associados, que totalizam hoje 105 mil
Em 2006, fundo teve superávit cujo destino será votado, sendo a suspensão de pagamento dos sócios uma das propostas
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE
A Previ, fundo de previdência
dos funcionários do Banco do
Brasil, tem um "problema" em
mãos: R$ 36 bilhões de superávit em um fundo com 105 mil
associados, no qual não entram
novos participantes desde
1998.
Com muito dinheiro em caixa, os diretores do fundo lançaram uma discussão durante o
8º Encontro de Conselheiros
da Previ que começou anteontem, na Costa do Sauípe (BA): o
que fazer com o excesso de dinheiro, situação não prevista
na legislação.
"A lei aborda déficits, não superávits, e não previu superávits expressivos como temos",
afirmou Aldo Luiz Mendes,
presidente do conselho deliberativo da Previ e vice-presidente de finanças e mercado de capitais do Banco do Brasil. "Ela
não proíbe, por exemplo, devolução de contribuições. Por que
não devolver, por exemplo,
contribuições que foram feitas
em excesso? Precisamos discutir amplamente o que fazer."
De acordo com ele, a devolução de parte desse superávit,
descontadas reservas técnicas e
isenção de contribuições, poderia ser feita para os contribuintes e o próprio Banco do Brasil.
Isso, é claro, após garantir a solidez do plano para cumprir
compromissos futuros. Se não
fossem feitos mais aportes, o
desembolso do fundo com seus
compromissos seria de R$ 6 bilhões.
"Ainda não temos nenhum
estudo técnico nem jurídico sobre o que fazer com o superávit", afirmou Sérgio Rosa, presidente da Previ. "Vamos fazer
as coisas com cautela porque
ainda pagaremos benefícios para muitos por mais 40 anos."
Algumas medidas com relação ao superávit de 2006 já foram discutidas e serão votadas,
pelos próprios participantes,
até o dia 20. A primeira delas é a
suspensão das contribuições,
com direito ao recebimento retroativo do dinheiro pago pelos
contribuintes desde janeiro. Isso significaria um ganho salarial médio entre 4% e 5% para
cada funcionário.
O Banco do Brasil deixaria de
pôr R$ 350 milhões, sua contrapartida no plano, neste ano.
Entre as outras medidas que
serão votadas estão o pagamento de um valor adicional para
quem contribuiu por mais de
30 anos e a aposentadoria antecipada de funcionárias aos 45
anos.
A Previ não é o único fundo
de pensão a ampliar os benefícios a seus associados por conta
de superávits. A Faelba, fundo
dos empregados da Coelba
(Companhia de Eletricidade da
Bahia) decidiu pagar, em março, 15 salários aos beneficiários
do plano de benefícios definidos, que teve superávit de 35%
em relação ao patrimônio.
Além disso, baixou a meta atuarial de correção de 6% ao ano
para 5% e usou o superávit para
pagar o custeio do plano. "Nós
também não sabemos o que será feito com esse superávit e temos interesse em participar de
todas as discussões", disse
Marcos César Trindade, diretor-superintendente da Faelba.
A repórter CRISTIANE BARBIERI viajou à Costa do Sauípe a convite da Previ.
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