São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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MERCADO ABERTO

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Pacote flexibiliza cobertura cambial

Os técnicos da Fazenda e do Banco Central já fecharam o elenco de medidas que vão fazer parte do pacote cambial a ser divulgado na próxima semana pelo governo. A medida mais importante será permitir que os exportadores deixem no exterior uma parte do dinheiro recebido com as vendas de seus produtos lá fora. A legislação em vigor obriga que os dólares arrecadados no exterior com exportações sejam internalizados no Brasil, a chamada cobertura cambial.
O pacote cambial, que será editado por meio de medida provisória e depois precisará ser aprovado e regulamentado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), terá também uma novidade que irá agradar principalmente aos turistas estrangeiros. Será permitido pagamento em reais em free shops. Hoje, as compras no free shop só podem ser feitas com moeda estrangeira ou cartão de crédito internacional. A medida não deve mexer no mercado de câmbio, mas facilitar a vida do turista estrangeiro quando deixa o país e ainda tem real guardado na carteira.
Os técnicos do governo só não chegaram à conclusão de qual será o percentual de exigência a ser mantido de cobertura cambial. Essa definição depende da saída a ser encontrada pelo governo para compensar as perdas fiscais geradas com a renúncia de parte das contribuições e impostos que vêm com o ingresso dos dólares oriundos das exportações.
Hoje, o governo arrecada R$ 1,2 bilhão com a cobrança de CPMF sobre a conversão dos dólares em reais. Se o governo optasse pela extinção total da cobertura cambial, os técnicos acreditam que a perda de arrecadação seria de cerca de R$ 500 milhões, já que, apesar da liberalização cambial, muitos exportadores precisam internalizar o dinheiro para saldar seus compromissos.
Dessa forma, se for encontrada uma fórmula que compense essa renúncia fiscal, há chances de uma flexibilização, entre 50% e 60%, da cobertura cambial, o que poderia representar uma perda de arrecadação entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões. A Receita Federal, no entanto, defende que a perda seja a menor possível, de no máximo R$ 100 milhões.
O governo não sabe ao certo quanto deixará de ingressar no país em razão da flexibilização da cobertura cambial, mas há quem ache que esse valor chegue a US$ 10 bilhões. Será menos de 10% do total das exportações previstas para este ano.
Os técnicos acreditam que a flexibilização da cobertura cambial funcione como mais uma arma no arsenal do governo para o combate à valorização cambial, mas não terá um efeito muito significativo. A equipe econômica está convicta de que o pacote cambial não vai dispensar as intervenções do Banco Central e o processo de redução de juros.

OLHAR ESTRANGEIRO
A cadeia Exclusive Hotels, que tem 250 hotéis na Europa, inaugura, no início de 2007, o luxo em Santa Tereza, no Rio. A primeira unidade da rede no país vai aproveitar o charme e a arquitetura do bairro para apostar no turismo histórico e cultural na cidade. "O público desse hotel não é aquele que só quer ver praia e Carnaval, são pessoas que querem viajar no tempo", diz François Delort, representante do grupo francês no Brasil. O local escolhido para receber o investimento de R$ 8 milhões foi um casarão tombado de 1870, que vai abrigar 45 suítes de até 120 m2 cada uma. Segundo Delort, um outro motivo para optar por Santa Tereza foi sua desvalorização imobiliária. "O terreno é subvalorizado em um bairro muito bem preservado, isso atrai o olhar do estrangeiro para investir."

SEM EFEITO
O economista Sérgio Werlang, ex-BC e atual Itaú, acha que a alta recente do preço do petróleo não irá reduzir o ritmo da queda dos juros e tampouco impedir que a inflação neste ano atinja o centro da meta de 4,5%. Seu cálculo é que, mesmo que a Petrobras aumente o preço dos combustíveis em 20% na média, a inflação ainda vai ficar abaixo dos 4,5%. Para o economista, o ideal é que o aumento dos combustíveis aconteça ainda neste ano para não comprometer a inflação de 2007.

ALTOS E BAIXOS
A Febraban divulga, nesta segunda-feira, pesquisa de julho com 50 bancos que mostra uma pequena melhora nas previsões para este ano e uma piora nas previsões para 2007. O crescimento do PIB para 2006 sobe de 3,58%, na pesquisa de junho, para 3,60%, na de julho. O juro, no final do ano, cai de 14,32% para 14,29%. Já para o ano que vem, a bola de cristal prevê queda no PIB de 3,68% para 3,60%. A previsão dos juros, para o mês de dezembro, subiu de 13,19% para 13,23%.

APERTO
A parcela da renda dos consumidores paulistanos usada em pagamento de dívidas chegou a 40% em julho, contra 34% em junho, segundo a Fecomercio SP.

BANCO DE BOLSO
O Banco do Brasil lança hoje a operação "mobile banking" no Japão, que permite a realização de transações bancárias pelo celular. Entre elas, estão o envio de remessas para o Brasil e um serviço on-line de cotações de moedas. O BB tem sete agências e cerca de 105 mil clientes no Japão.

DE SAÍDA Paulo Totti, que coordenava a assessoria de imprensa do BNDES, saiu do banco.

PLÁSTICO EM QUEDA
Julho foi um mês de baixa para a indústria de plásticos transformados -tanto as importações quanto as exportações foram inferiores às registradas em maio. As importações caíram 9,9%, chegando a US$ 114,6 milhões, e as exportações tiveram baixa de 3,1%, registrando US$ 98,1 milhões. A Argentina foi o país que mais se destacou na balança comercial, com a compra de 25% do total destinado ao exterior.

RESCALDO
Depois da derrota do Brasil na Copa e das ações do PCC, caíram 3% as vendas do setor atacadista de tecidos na rua 25 de Março, em São Paulo, segundo dados do sindicato do setor.


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