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Após seis anos, Japão abandona "juro zero"
Encerramento de uma década de deflação e previsão de volta do crescimento levam BC do país a aumentar taxa a 0,25%
Medida acompanha alta dos
juros em outras economias
desenvolvidas, como EUA e
UE, que pode ter efeitos
negativos para o Brasil
DA BLOOMBERG
O Banco do Japão (o banco
central do país) elevou a taxa de
juros básica da economia pela
primeira vez em quase seis
anos, com a previsão de crescimento sustentado no país, a segunda maior economia do
mundo, e o encerramento de
uma década de deflação.
O presidente do órgão, Toshihiko Fukui, e seus colegas do
comitê de política monetária
elevaram a taxa básica para
0,25% ao ano. O nível anterior
era próximo de zero. No Brasil,
para efeito de comparação, a taxa básica de juros (Selic) está
em 15,25% ao ano.
O BC japonês elevou seus juros -que ainda são os mais baixos dos países do G7, o grupo
das sete maiores economias do
mundo- a fim de evitar bolha
como a ocorrida na década de
1980, que foi seguida por queda
acentuada dos preços da terra
no país e por três recessões.
Os bônus japoneses subiram,
e o iene recuou após Fukui ter
dito que o banco pode manter a
taxa de juros em um nível "bastante baixo" para dar respaldo
ao crescimento do país, que
tem sido impulsionado pelo
maior ritmo de investimentos
corporativos em 16 anos.
"Há um risco bastante real de
que a economia japonesa entre
em superaquecimento", disse
Glenn Maguire, economista-chefe para a Ásia do Société Générale de Hong Kong. "Presenciaremos um ajuste para cima
do juro gradual e sustentado."
Bancos centrais de todo o
mundo vêm elevando suas taxas de juros, com os preços recorde do petróleo e dos metais
estimulando o surgimento de
pressões inflacionárias.
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos EUA) elevou
seus juros para 5,25% em sua
última reunião, a 17ª alta consecutiva desde que a taxa estava
em 1%, em junho de 2004.
O BCE (Banco Central Europeu) subiu os juros para 2,75%
no mês passado, o terceiro ajuste desde dezembro de 2005.
A alta dos juros nos países desenvolvidos pode causar saída
de capital de emergentes, como
o Brasil. Isso acontece porque o
investimento nos EUA ou na
União Européia é menos arriscado do que no Brasil e sua rentabilidade cresce com os juros
mais altos. Desde maio, os mercados têm passado por sucessivas turbulências, em razão de
dúvida sobre o quanto as taxas
nos EUA vão subir.
Política
A decisão de ontem do BC japonês foi unânime. Os 16 economistas ouvidos em pesquisa
da Bloomberg previam o reajuste da taxa e nove consideram
que a alta será a última do ano.
"Manter a política de juros
zero poderia gerar grandes oscilações na economia e nos preços no futuro", disse Fukui. "Os
ajustes futuros do nível dos juros serão realizados gradualmente", disse ele.
O BC japonês tem sofrido
pressões de autoridades, entre
as quais o ministro da Fazenda
do Japão, Sadakazu Tanigaki.
Elas receiam que a alta dos
juros prejudicará os esforços
do governo para brecar a expansão da dívida pública, que
deve alcançar 151% do PIB
(Produto Interno Bruto) até
março do ano que vem.
Com a Redação
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