|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
Brasil sofrerá menos, dizem economistas
ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para analistas ouvidos
pela Folha, a ameaça à
economia mundial representada pelos altos preços
do petróleo deve afetar
menos o Brasil do que outros países emergentes.
O efeito imediato da alta
seria a inflação impulsionada pelos preços de combustíveis. A relativa independência brasileira na
composição de combustíveis e a ampla utilização
de energia hidrelétrica na
produção amenizariam o
impacto das cotações na
economia brasileira. "Para
o Brasil, o efeito tem sido
nulo", afirma Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
Teme-se, a seguir, um
desaquecimento da economia mundial, como
continuação de um processo anterior à atual crise
no Oriente Médio -que
pode ser exemplificado
pela elevação do juro básico japonês, depois de quase seis anos nulo. Lembra
Alexandre Póvoa, da Modal Asset: "O mundo esperava uma "soft landing",
uma desaceleração nada
abrupta, mas elevações
persistentes do petróleo
somadas a elevações de juros podem resultar em
"hard landing" [desaceleração excessiva]".
Diego Beleza, do Banco
Prosper, lembra que, se
houver a forte desaceleração na economia dos países desenvolvidos, estes
importarão menos e o
Brasil sentirá na balança
comercial. Países como
Rússia e Venezuela, ainda
que tivessem alguma vantagem inicial por exportar
petróleo, ressentiriam-se
da tendência mundial a
consumir menos.
Quem perderia mais
com a conjuntura pessimista seriam os emergentes mais dependentes do
capital estrangeiro, como
Turquia e África do Sul, e
dependentes de importações de petróleo, como a
China, que perderia a
competitividade que a tem
feito uma das locomotivas
do crescimento mundial.
O Brasil também depende da saúde econômica
mundial, mas menos do
que antes: "As fragilidades
diminuíram. Antes, se o
mundo espirrava, o Brasil
pegava uma pneumonia.
Agora, não", brinca Póvoa.
Texto Anterior: Indício de desaquecimento na economia dos EUA ameniza perdas no mercado Próximo Texto: Gesner Oliveira: Parreira e o saneamento Índice
|