São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

análise

Brasil sofrerá menos, dizem economistas

ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para analistas ouvidos pela Folha, a ameaça à economia mundial representada pelos altos preços do petróleo deve afetar menos o Brasil do que outros países emergentes.
O efeito imediato da alta seria a inflação impulsionada pelos preços de combustíveis. A relativa independência brasileira na composição de combustíveis e a ampla utilização de energia hidrelétrica na produção amenizariam o impacto das cotações na economia brasileira. "Para o Brasil, o efeito tem sido nulo", afirma Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
Teme-se, a seguir, um desaquecimento da economia mundial, como continuação de um processo anterior à atual crise no Oriente Médio -que pode ser exemplificado pela elevação do juro básico japonês, depois de quase seis anos nulo. Lembra Alexandre Póvoa, da Modal Asset: "O mundo esperava uma "soft landing", uma desaceleração nada abrupta, mas elevações persistentes do petróleo somadas a elevações de juros podem resultar em "hard landing" [desaceleração excessiva]".
Diego Beleza, do Banco Prosper, lembra que, se houver a forte desaceleração na economia dos países desenvolvidos, estes importarão menos e o Brasil sentirá na balança comercial. Países como Rússia e Venezuela, ainda que tivessem alguma vantagem inicial por exportar petróleo, ressentiriam-se da tendência mundial a consumir menos.
Quem perderia mais com a conjuntura pessimista seriam os emergentes mais dependentes do capital estrangeiro, como Turquia e África do Sul, e dependentes de importações de petróleo, como a China, que perderia a competitividade que a tem feito uma das locomotivas do crescimento mundial.
O Brasil também depende da saúde econômica mundial, mas menos do que antes: "As fragilidades diminuíram. Antes, se o mundo espirrava, o Brasil pegava uma pneumonia. Agora, não", brinca Póvoa.


Texto Anterior: Indício de desaquecimento na economia dos EUA ameniza perdas no mercado
Próximo Texto: Gesner Oliveira: Parreira e o saneamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.