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Regra cambial mais flexível deverá valer para todos
Restrição do benefício a
alguns setores seria ilegal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As medidas de flexibilização
cambial, que permitirão às empresas exportadores manter
parte dos dólares que recebem
fora do país, não serão limitadas a empresas ou setores, como afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Em reuniões feitas ao longo
da semana, a área jurídica do
governo avaliou que a restrição
pode ser considerada inconstitucional, pois contraria o princípio da isonomia. A solução
também foi considerada ruim
do ponto de vista técnico, pois
significaria um retrocesso na
regulamentação, já que o tratamento diferenciado a contribuintes abre espaço para privilégios indevidos.
O governo também enfrenta
dificuldades operacionais para
fechar as medidas do pacote
cambial. Há dúvidas, por exemplo, sobre permitir ou não que
as empresas que importam
muito e que também são grandes exportadoras façam a compensação de créditos e débitos
fora do país. Hoje, como todos
os dólares têm que ser trocados
por reais, as importações são
pagas com recursos remetidos
do Brasil.
Um outro problema diz respeito às exportações feitas por
meio das empresas de trading.
Nessas situações, a venda no
exterior não é feita diretamente pela exportadora, e sim pela
trading, que funciona como
uma espécie de intermediário.
Quando a operação é liquidada,
a trading repassa os recursos
para a empresa no país.
Com a permissão de que parte dos dólares fique fora do
país, é preciso decidir se o dinheiro ficará em nome da trading ou da exportadora.
As pequenas empresas exportadoras também representam um desafio para a regulamentação. O governo avalia
que essas empresas não têm capacidade técnica nem volume
suficiente de exportações para
manter uma conta em dólares
no exterior.
Tributação
Falta ainda definir o sistema
de cobrança virtual da CPMF.
A proposta encaminhada pela
área técnica determina que o
sistema financeiro repasse informações sobre o valor dos depósitos mantidos pelas empresas no exterior de modo que o
governo brasileiro possa calcular a contribuição devida.
Os empecilhos jurídicos e
operacionais devem atrasar o
anúncio das medidas. De acordo com o ministro Mantega, a
divulgação das novas regras seria feita nesta semana. O ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan, porém, disse
que a decisão sairá até o fim do
mês.
A redução da cobertura cambial trará ganhos para o governo, que espera, com isso, aumentar a competitividade dos
produtos brasileiros no exterior por meio da desvalorização
do real. O setor privado também sairá ganhando, pois deixará de pagar o Imposto de
Renda de 15% nas remessas de
parte dos recursos ao exterior e
terá ganhos com a simplificação da legislação.
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