|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP terá três novos shoppings de luxo
Cidade Jardim, Parque JK e Vila Olímpia vão intensificar a concentração de empreendimentos para a classe A na zona sul
Área já tem nomes de peso, como Iguatemi, Eldorado e Daslu; diretor da associação de shopping centers diz que "competição é saudável"
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Como já tinha alertado Shakespeare, na frase imortalizada
em "Rei Lear", "necessitamos
de um pequeno excesso para
existir". Em São Paulo, o excesso nem deve ser assim tão pequeno, pois três novos empreendimentos na zona sul da
cidade vão intensificar a concentração de shoppings de luxo
naquela área.
O Cidade Jardim deve ser
inaugurado em março do próximo ano, e o Parque JK e o Vila
Olímpia, em 2009, o que provoca dúvidas sobre se a cidade
comporta tantos empreendimentos para a classe A.
A área já tem nomes de peso,
como o Iguatemi -da Iguatemi
Empresa de Shopping Centers,
que tem o Market Place e banca
a construção do Parque JK com
a construtora WTorre- e o Eldorado, da Multiplan, que tem
o Morumbi e vai construir o Vila Olímpia com o grupo Victor
Malzoni, empreendedor do Pátio Higienópolis. Ambos, aliás,
são os protagonistas de uma
queda-de-braço que vai ser decidida pelo Cade.
Para Sharon Beting, diretora
do Cidade Jardim, é preciso ter
um diferencial. No centro comercial, o objetivo do projeto
arquitetônico é dar "um espírito de rua". O empreendimento
da incorporadora JHSF faz
parte de um conjunto com nove
torres residenciais e quatro comerciais (incluindo um hotel
Fasano) e vai ter 29 mil m2 de
ABL (área bruta locável) na
primeira fase. Serão 120 lojas,
das quais 90% já foram comercializadas, e investimento de
R$ 280 milhões.
Sharon diz que as lojas serão
dispostas em um corredor único e de frente para um jardim,
com estrutura semelhante ao
Bal Harbour, em Miami (EUA).
Embora o shopping vá ter um
spa e marcas como Armani e
Empório Fasano, ela descarta o
rótulo "de luxo". "Terá um
charme democrático."
Dos outros concorrentes,
pouco foi divulgado. Do Vila
Olímpia, sabe-se apenas o que
saiu em anúncios: 200 lojas,
restaurantes, nove cinemas e
um teatro. Nem o investimento
é revelado. Já o Parque JK vai
custar R$ 200 milhões e terá 31
mil m2 de ABL.
Para o empresário Carlos Jereissati Filho, presidente do
grupo Iguatemi, "especialmente em São Paulo, existem regiões de forte adensamento, o
que justifica investimentos e
aberturas de novos shoppings
para atender públicos e necessidades específicas". O concorrente concorda. Para Paulo Veríssimo, diretor de operações
do Eldorado, "tem público para
todo mundo".
Eliana Tranchesi, proprietária da Daslu, acredita que não
há por que se preocupar. "O
conceito da Daslu é diferente
do de shoppings. Temos uma
marca, que é líder no mercado
de luxo no Brasil." E acrescentou: "Quando as clientes vêm à
Daslu e vêem Gucci, Prada ou
Chanel, percebem como escolhemos as peças, exatamente
de acordo com o perfil delas".
Competição
Segundo o diretor da Abrasce
(associação de shoppings), Luiz
Veiga, os centros comerciais,
que são planejados por até dois
anos antes do lançamento, vêm
ao encontro dos anseios do
cliente. "A concorrência vai aumentar muito, mas a competição é saudável." Para ele, até o
lojista será beneficiado. "Certamente vai fazer negociações
mais vantajosas", disse, referindo-se à possibilidade de redução nos aluguéis.
Nabil Sahyoun, presidente da
Alshop (associação dos lojistas), sugere até que não haja
tanta pressa para escolher entre os novos empreendimentos: "Eu deixaria primeiro
inaugurar para depois entrar".
As pessoas não querem mais
ser tratadas como massa, opina
Silvio Passarelli, professor do
MBA em Gestão do Luxo da
Faap. "A segmentação é inevitável em todos os setores da
economia. É só olhar o que
aconteceu com os bancos."
Além disso, para Mário René
Schweriner, no livro "Comportamento do Consumidor: identificando necejos e supérfluos
essenciais", "jamais, em qualquer período da História, as
pessoas tiveram à mão tantos
produtos e marcas, lançados
continuamente no mercado,
precisamente para lhes conferir diferenciação e prestígio".
Texto Anterior: Milionários mudam o "mapa da riqueza" Próximo Texto: Contratos impedem que lojas abram unidades em concorrentes Índice
|