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TELECOMUNICAÇÕES
Líderes políticos querem que empresa continue nacional
Telemar desiste de sócio estrangeiro
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Os acionistas da Telemar desistiram de buscar um parceiro estratégico no exterior. Eles afirmaram à Folha que têm sido procurados por líderes políticos preocupados em manter a companhia
sob comando nacional.
A missão de encontrar um sócio
estrangeiro havia sido confiada ao
banco Lasar Frères, que, em abril
deste ano, foi autorizado a vender
até 15% do capital da companhia
a um grupo internacional.
Subitamente, os planos foram
alterados. Os acionistas da companhia não revelam os nomes dos
políticos que os teriam procurado. Limitam-se a dizer que já se
reuniram com vários que têm
pretensão de disputar a eleição
presidencial em 2002.
As telecomunicações eram monopólio estatal até 98. As 27 subsidiárias da Telebrás foram agrupadas em 12 empresas -quatro teles fixas e oito celulares- e privatizadas por US$ 18,94 bilhões.
Só duas empresas restaram inteiramente nacionais: a Tele Norte Leste, comprada pelo consórcio
Telemar, e a Tele Centro-Oeste
Celular, adquirida no leilão pelo
grupo Splice do Brasil, de São
Paulo. A Telemar é a segunda
maior empresa de telefonia fixa
local da América Latina, com 11,3
milhões de linhas instaladas. Atua
em 16 Estados, faturou R$ 8,43 bilhões em 99 e possui cerca de
22.500 empregados.
Mais da metade das ações com
direito a voto da Telemar continua, direta ou indiretamente, ligada ao setor estatal. A BNDESPar
(subsidiária do BNDES) tem 25%;
19,9% pertencem a fundos de
pensão e 10%, às empresas Brasilcap e BrasilVeículos, das quais o
Banco do Brasil é acionista. Os
outros acionistas são os grupos La
Fonte, Andrade Gutierrez, Asseca
(GP Investimentos) e Lexpart
(Oppportunity), que têm, cada
um, 11,275% do capital.
Em abril, a Telemar parecia ter
urgência em encontrar um sócio
estrangeiro. Sua preocupação era
entrar no mercado de telefonia
celular. Na ocasião, a Anatel cogitava leiloar uma nova licença de
telefonia celular, a banda C, que
não poderia ser disputada pelas
concessionárias de telefonia fixa.
Nesse contexto o Lasar Frères
saiu à procura de um sócio internacional para que a Telemar
atuasse também em telefonia móvel. Mas, no mês passado, a Anatel anunciou que irá leiloar três
novas licenças por região -bandas C, D e E- e que as duas últimas poderão ser disputadas pelas
teles fixas.
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