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BALANÇO
Débitos de elétricas ocasionam resultado negativo
Inadimplência causa 1º prejuízo semestral do BNDES desde 1991
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) registrou um prejuízo de
cerca de R$ 1,3 bilhão no primeiro
semestre deste ano. Trata-se do
primeiro prejuízo do banco desde
1991, durante o governo de Fernando Collor de Mello.
De acordo com o que a Folha
apurou, o prejuízo do banco se
deve principalmente às provisões
feitas para cobrir os débitos da
AES/Eletropaulo e da Cemig.
Os empréstimos contraídos por
essas duas empresas somam US$
1,8 bilhão -US$ 1,2 bilhão da
AES e US$ 600 milhões da Cemig.
A AES está inadimplente com o
banco desde fevereiro deste ano, e
a Cemig, desde maio.
Apesar de as duas empresas estarem em atraso em apenas uma
parcela da dívida, o BNDES decidiu provisionar no balanço o total
da dívida das duas empresas. Ou
seja, o banco decidiu lançar os R$
4,8 bilhões do débito total da AES
e da Cemig como prejuízo. Caso
não tivesse feito esse provisionamento, o BNDES teria tido um lucro de R$ 900 milhões no primeiro semestre.
O BNDES afirma que o seu orçamento não ficará comprometido neste ano. Isso porque trata-se
de um prejuízo contábil, já que a
dívida da duas empresas seria paga no decorrer de vários anos. O
que o BNDES fez foi lançar no balanço de uma só vez essa dívida
como prejuízo.
Para este ano, as perspectivas
são que o prejuízo do banco até
aumente, em razão de outras operações realizadas no passado e
que são consideradas, pela atual
diretoria, como candidatas à inadimplência.
Entre essas operações, destaca-se o empréstimo concedido à
American Eagle, subsidiária da
American Airlines, para a compra
de aviões da Embraer. O nível de
risco de empréstimo do BNDES já
foi rebaixado pelo banco, apesar
de a empresa não estar inadimplente, e sua dívida também pode
ser lançada como prejuízo no balanço.
O BNDES pretende, no entanto,
recuperar as perdas com a AES e a
Cemig, no futuro, quando as
ações das duas empresas se valorizarem no mercado. O banco é
detentor de uma participação expressiva no capital das duas empresas, que foi dado em garantia
pelos empréstimos.
O BNDES espera, no entanto,
que as ações das duas empresas se
valorizem quando a economia
voltar a crescer.
Segundo apurou a Folha, o
BNDES já deveria ter registrado
prejuízo no balanço do ano passado, e não um lucro de R$ 550 milhões, como foi anunciado. Pelas
contas do banco, o prejuízo teria
sido de R$ 456,6 milhões, por conta do provisionamento de créditos duvidosos (que não foi feito
no ano passado).
Apesar de o prejuízo não afetar
o programa de investimentos do
banco, o BNDES está pedindo ao
Ministério da Fazenda uma injeção de recursos do Tesouro para
engordar o seu orçamento para os
próximos anos.
O argumento é que, nos últimos
oito anos, todo o lucro registrado
pelo banco foi transferido para o
Tesouro para aumentar os números do superávit primário, o que
fez encolher o capital do BNDES.
Para iniciar um novo ciclo de
desenvolvimento do país, o
BNDES acha que precisa melhorar sua estrutura de capital, e, para
isso, será necessária uma injeção
de recursos do Tesouro. O Ministério da Fazenda ainda não se
pronunciou a respeito do pedido
do BNDES.
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