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Lucro da Embraer tem queda de 90%
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A Embraer, segunda maior exportadora brasileira, registrou
uma queda de quase 90% no lucro
líquido no segundo trimestre em
comparação ao mesmo período
do ano passado. O ganho de R$ 21
milhões (ante R$ 166,5 milhões
em 2002) é o pior resultado da
empresa desde o primeiro trimestre de 1999, quando lucrou R$
15,12 milhões.
Para o diretor-presidente da
Embraer, Mauricio Novis Botelho, a desvalorização do dólar e a
demora no repasse de recursos do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foram os principais responsáveis pela piora no balanço.
A companhia, uma das maiores
do mundo no setor de aviação, fechou o primeiro semestre com lucro de R$ 218,8 milhões -queda
de 36% em relação ao resultado
do mesmo período do ano passado -R$ 342,8 milhões.
Segundo Botelho, houve um
atraso de seis meses para a liberação de recursos do BNDES. Durante o período, ocorreu grande
variação cambial, o que acarretou
a liberação de recursos em valor
inferior ao anteriormente acordados com a empresa -o que ocasionou um desequilíbrio no caixa.
A direção do banco informou
que comentaria o assunto somente hoje. "O BNDES registrou uma
redução de caixa com a valorização do real, e isso afetou os repasses, já que fez o banco chegar ao
seu limite de financiamento",
afirmou Botelho.
Apesar de enfatizar a participação do BNDES na queda do lucro
da empresa, Botelho ressaltou
que não se trata de uma resistência do banco com a empresa.
"Temos uma relação de ajuda
mútua. No entanto entendemos
que o BNDES passa pelas mesmas
dificuldades que enfrentamos, já
que está com um orçamento limitado, também em razão da desvalorização do dólar", declarou.
O dinheiro do BNDES é usado
no financiamento às exportações
da companhia. O presidente do
banco, Carlos Lessa, já demonstrou intenção de reduzir os repasses à Embraer e sugeriu que a empresa procurasse novos financiadores, a fim de que a instituição
pudesse ter mais recursos para
apoiar outros exportadores. "O
BNDES não é a única fonte de financiamento de aviões do mundo", afirmou Lessa em maio.
Os pedidos em carteira em 30 de
junho totalizavam US$ 27,1 bilhões, sendo US$ 10,3 bilhões em
ordens firmes e US$ 16,8 bilhões
em opções. O Ebitda (lucro antes
de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização)
no trimestre foi de R$ 322,2 milhões, inferior aos R$ 429,5 milhões do mesmo período de 2002.
No segundo trimestre, foram
entregues 28 jatos, ante 30 no
mesmo período do ano passado e
23 no primeiro trimestre de 2003.
Varig
Botelho também citou a inadimplência da Varig como um
dos problemas enfrentados pela
Embraer. A companhia aérea tem
15 aviões da Embraer.
A Folha não conseguiu contato
com a direção da Varig ontem para se pronunciar sobre o assunto.
"Temos um acordo com o
BNDES, enquanto órgão financiador, de colaborar com o banco
em casos como esse. Mas a recolocação de um produto no mercado
significa que esse produto está tomando lugar de um avião novo. O
que, evidentemente, não é bom
para a empresa", disse.
O balanço da Embraer frustrou
as previsões da maioria dos analistas do mercado, que estimava
um lucro entre R$ 150 milhões e
R$ 250 milhões.
Mas, a despeito de a empresa ter
o chamado ""hedge natural", uma
vez que é exportadora, analistas
questionaram a razão de não ter
procurado outras formas de hedge (uma vez que a maioria de seus
insumos é importada). ""Boa parte
dessa variação monetária negativa é resultado de atraso no repasses", disse Pedro Galdi, analista
do Sudameris. ""Mas é surpreendente a empresa não ter tido nenhum investimento maior em
busca de hedge", completou.
Colaborou José Alan Dias,
da Reportagem Local
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