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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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MARCHA LENTA

Produção recua ou cresce menos em 10 das 12 regiões pesquisadas

IBGE mostra que indústria desacelera em todo o país

DA SUCURSAL DO RIO

O quadro recessivo na indústria brasileira, já confirmado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), se generalizou pelas regiões do país no segundo trimestre deste ano.
Segundo dados divulgados ontem pelo instituto, a produção industrial apresentou queda ou desaceleração em 10 das 12 regiões pesquisadas, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2003.
Segundo a economista Isabella Nunes Pereira, da Coordenação de Indústria do IBGE, a tendência é que a produção continue a recuar neste ano em áreas nas quais o parque fabril está voltado para as exportações.
Mesmo nas regiões que continuarem aumentando sua atividade industrial, o crescimento deve ser menor.
É o caso dos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, que investiram fortemente na compra de equipamentos de agroindústria no ano passado e que não precisarão fazer investimentos tão volumosos no setor neste ano.
No Rio Grande do Sul, o aumento da produção recuou de 4,1% no primeiro trimestre para 1,9% entre abril e junho, na comparação com os mesmos períodos do ano passado.
Já no Paraná, a taxa caiu de 6,4% para 0,2%.
Áreas onde a indústria está voltada para o mercado interno, por sua vez, poderão se recuperar nos próximos meses, de acordo com a economista do IBGE. Mas a melhora deve vir a conta-gotas.
Isabella Pereira lembra que os recentes cortes na taxa de juros da economia, a redução dos compulsórios recolhidos pelos bancos e os índices de deflação divulgados nas últimas pesquisas ainda vão demorar para provocar efeitos significativos sobre a demanda, mas já estão melhorando as condições de financiamento para o consumidor.
"É possível que, com o tempo, esse conjunto de decisões reaqueça as vendas de automóveis e de eletrodomésticos da linha branca", prevê o economista-chefe da Sul América Investimentos, Nilton Rosa.

Superávit maior
Já o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Armando Castelar destaca que o governo conseguiu economizar acima das expectativas no primeiro semestre do ano -o que significaria que o Brasil teria mais dinheiro para investir na atividade industrial na segunda metade do ano e poderia até afrouxar um pouco a política monetária.
"O superávit primário do governo ficou em 5,41% de janeiro a junho, ante uma meta de 4,25% para o ano. É possível que o governo adote uma política industrial mais expansionista", prevê.
As únicas duas regiões que tiveram melhora no nível da atividade entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano foram a Bahia (de -1,3% para 11,1%) e, consequentemente, o Nordeste (de -1,5% para 1,2%).
"Os resultados excepcionais da Bahia se devem a uma base de comparação muito fraca no ano passado, quando a produção de uma grande refinaria [Landulpho Alves] parou para reparo em equipamentos", justifica Isabella Nunes Pereira.
(JULIANA RANGEL)


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