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MARCHA LENTA
Produção recua ou cresce menos em 10 das 12 regiões pesquisadas
IBGE mostra que indústria desacelera em todo o país
DA SUCURSAL DO RIO
O quadro recessivo na indústria
brasileira, já confirmado pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), se generalizou
pelas regiões do país no segundo
trimestre deste ano.
Segundo dados divulgados ontem pelo instituto, a produção industrial apresentou queda ou desaceleração em 10 das 12 regiões
pesquisadas, entre o primeiro e o
segundo trimestres de 2003.
Segundo a economista Isabella
Nunes Pereira, da Coordenação
de Indústria do IBGE, a tendência
é que a produção continue a recuar neste ano em áreas nas quais
o parque fabril está voltado para
as exportações.
Mesmo nas regiões que continuarem aumentando sua atividade industrial, o crescimento deve
ser menor.
É o caso dos Estados do Rio
Grande do Sul e do Paraná, que
investiram fortemente na compra
de equipamentos de agroindústria no ano passado e que não precisarão fazer investimentos tão
volumosos no setor neste ano.
No Rio Grande do Sul, o aumento da produção recuou de
4,1% no primeiro trimestre para
1,9% entre abril e junho, na comparação com os mesmos períodos
do ano passado.
Já no Paraná, a taxa caiu de 6,4%
para 0,2%.
Áreas onde a indústria está voltada para o mercado interno, por
sua vez, poderão se recuperar nos
próximos meses, de acordo com a
economista do IBGE. Mas a melhora deve vir a conta-gotas.
Isabella Pereira lembra que os
recentes cortes na taxa de juros da
economia, a redução dos compulsórios recolhidos pelos bancos e
os índices de deflação divulgados
nas últimas pesquisas ainda vão
demorar para provocar efeitos
significativos sobre a demanda,
mas já estão melhorando as condições de financiamento para o
consumidor.
"É possível que, com o tempo,
esse conjunto de decisões reaqueça as vendas de automóveis e de
eletrodomésticos da linha branca", prevê o economista-chefe da
Sul América Investimentos, Nilton Rosa.
Superávit maior
Já o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Armando Castelar destaca
que o governo conseguiu economizar acima das expectativas no
primeiro semestre do ano -o
que significaria que o Brasil teria
mais dinheiro para investir na atividade industrial na segunda metade do ano e poderia até afrouxar
um pouco a política monetária.
"O superávit primário do governo ficou em 5,41% de janeiro a junho, ante uma meta de 4,25% para o ano. É possível que o governo
adote uma política industrial
mais expansionista", prevê.
As únicas duas regiões que tiveram melhora no nível da atividade entre o primeiro e o segundo
trimestre deste ano foram a Bahia
(de -1,3% para 11,1%) e, consequentemente, o Nordeste (de
-1,5% para 1,2%).
"Os resultados excepcionais da
Bahia se devem a uma base de
comparação muito fraca no ano
passado, quando a produção de
uma grande refinaria [Landulpho
Alves] parou para reparo em
equipamentos", justifica Isabella
Nunes Pereira.
(JULIANA RANGEL)
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