São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Rentabilidade média dos fundos, nos últimos três meses, chega a 15% ao ano, após desconto do IR

Juros elevados favorecem os fundos DI

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Banco Central não reduzir os juros, e a inflação continuar estável, os juros reais vão continuar subindo, e muito. Nos últimos três meses, o ganho real nos fundos DI foi de 11,7% ao ano, descontados Imposto de Renda, taxa de administração e inflação de 2,9% anualizada.
A rentabilidade média desses fundos -em geral, considerados de baixo risco- no período foi de 15% ao ano, após o Imposto de Renda. De maio a julho, a inflação medida pelo IPCA veio muito baixa -houve deflação em junho.
Os cálculos foram feitos por Marcelo D'Agosto, do site Fortuna, e consideram o conjunto de fundos DI da indústria, incluindo os fundos que apenas seguem o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e os que tentam superá-lo, correndo mais riscos.
Para D'Agosto, se a rentabilidade média dos fundos DI, após o IR, no ano fechado de 2005, ficar em 14% anuais, e o IPCA ficar em 6%, o juro real do investidor em fundo DI vai ser de 7,5% ao ano.
"Boa parte dos economistas, porém, estima que o IPCA final de 2005 fique abaixo de 6%. Se a inflação cair mais, e o índice de preços convergir para a meta do governo, de 5,1%, o ganho real no ano será de 8,5%, sempre descontados o IPCA, taxas e IR."
Nos últimos seis meses, de fevereiro a julho deste ano, os fundos DI obtiveram rentabilidade próxima disso. No período, em que houve alta de juros e, nos últimos meses, recuo da inflação, os fundos da categoria renderam em média 8,2% ao ano, acima do IPCA e já liquido de IR e taxa.
Nos últimos 12 meses, de agosto de 2004 a julho passado, a rentabilidade média dos fundos DI, após o IR foi de 13,5% ao ano, e o IPCA foi de 6,6% ao ano, o que dá um ganho real de 6,5% ao ano.
Com a queda do IPCA e a manutenção das taxas de juros elevadas, a parcela do rendimento dos fundos DI equivalente aos juros reais, ou seja, o que sobra para o investidor depois de descontados IR e inflação, aumentou.
Se as projeções do Fortuna se confirmarem, em 2005, 20% do rendimento bruto dos fundos DI servirá para o pagamento de IR, 35%, para compensar perdas com a inflação, e 45%, para garantir um ganho real. "Desde 2001, a parcela de juro real sobre o rendimento bruto dos fundos DI é menor que 40%. Em 1999 e 2000, ficou por volta de 40%, e em 1998 foi recorde, 75%", diz D'Agosto.
A nova regra de tributação sobre os investimentos, que é decrescente conforme aumenta o prazo, também desestimula muito a troca de investimentos.
"É preferível ficar no DI sujeito a um IR menor do que arriscar num título prefixado e ser eventualmente obrigado a pagar um IR maior", diz D'Agosto. Por outro lado, lembra o economista, a taxa de juros está muito alta, e o BC deve reduzi-la, o que pode beneficiar os títulos prefixados.
"Mesmo num prazo mais longo, a taxa de juros real acima do IPCA, paga pela renda fixa nos últimos seis anos, foi espetacular", diz a consultora Marcia Dessen.
Dessen lembra que o investidor deve procurar conhecer a política de investimento do fundo.
"A maioria dos DIs investe em títulos privados, alguns de forma bastante agressiva, em busca de rentabilidade alta, e corre risco de crédito ["default" do emissor desses títulos]."
Para William Eid Júnior, da FGV, "principalmente para os que têm menos recursos para investir, a busca deve ser por um porto seguro, como os DIs".

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