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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Rentabilidade média dos fundos, nos últimos três meses, chega a 15% ao ano, após desconto do IR
Juros elevados favorecem os fundos DI
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Banco Central não reduzir
os juros, e a inflação continuar estável, os juros reais vão continuar
subindo, e muito. Nos últimos
três meses, o ganho real nos fundos DI foi de 11,7% ao ano, descontados Imposto de Renda, taxa
de administração e inflação de
2,9% anualizada.
A rentabilidade média desses
fundos -em geral, considerados
de baixo risco- no período foi de
15% ao ano, após o Imposto de
Renda. De maio a julho, a inflação
medida pelo IPCA veio muito baixa -houve deflação em junho.
Os cálculos foram feitos por
Marcelo D'Agosto, do site Fortuna, e consideram o conjunto de
fundos DI da indústria, incluindo
os fundos que apenas seguem o
CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e os que tentam superá-lo, correndo mais riscos.
Para D'Agosto, se a rentabilidade média dos fundos DI, após o
IR, no ano fechado de 2005, ficar
em 14% anuais, e o IPCA ficar em
6%, o juro real do investidor em
fundo DI vai ser de 7,5% ao ano.
"Boa parte dos economistas,
porém, estima que o IPCA final de
2005 fique abaixo de 6%. Se a inflação cair mais, e o índice de preços convergir para a meta do governo, de 5,1%, o ganho real no
ano será de 8,5%, sempre descontados o IPCA, taxas e IR."
Nos últimos seis meses, de fevereiro a julho deste ano, os fundos
DI obtiveram rentabilidade próxima disso. No período, em que
houve alta de juros e, nos últimos
meses, recuo da inflação, os fundos da categoria renderam em
média 8,2% ao ano, acima do IPCA e já liquido de IR e taxa.
Nos últimos 12 meses, de agosto
de 2004 a julho passado, a rentabilidade média dos fundos DI, após
o IR foi de 13,5% ao ano, e o IPCA
foi de 6,6% ao ano, o que dá um
ganho real de 6,5% ao ano.
Com a queda do IPCA e a manutenção das taxas de juros elevadas, a parcela do rendimento dos
fundos DI equivalente aos juros
reais, ou seja, o que sobra para o
investidor depois de descontados
IR e inflação, aumentou.
Se as projeções do Fortuna se
confirmarem, em 2005, 20% do
rendimento bruto dos fundos DI
servirá para o pagamento de IR,
35%, para compensar perdas com
a inflação, e 45%, para garantir
um ganho real. "Desde 2001, a
parcela de juro real sobre o rendimento bruto dos fundos DI é menor que 40%. Em 1999 e 2000, ficou por volta de 40%, e em 1998
foi recorde, 75%", diz D'Agosto.
A nova regra de tributação sobre os investimentos, que é decrescente conforme aumenta o
prazo, também desestimula muito a troca de investimentos.
"É preferível ficar no DI sujeito a
um IR menor do que arriscar
num título prefixado e ser eventualmente obrigado a pagar um
IR maior", diz D'Agosto. Por outro lado, lembra o economista, a
taxa de juros está muito alta, e o
BC deve reduzi-la, o que pode beneficiar os títulos prefixados.
"Mesmo num prazo mais longo, a taxa de juros real acima do
IPCA, paga pela renda fixa nos últimos seis anos, foi espetacular",
diz a consultora Marcia Dessen.
Dessen lembra que o investidor
deve procurar conhecer a política
de investimento do fundo.
"A maioria dos DIs investe em
títulos privados, alguns de forma
bastante agressiva, em busca de
rentabilidade alta, e corre risco de
crédito ["default" do emissor desses títulos]."
Para William Eid Júnior, da
FGV, "principalmente para os
que têm menos recursos para investir, a busca deve ser por um
porto seguro, como os DIs".
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