São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

análise

No futuro, opcional pode virar "direito"

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pagamento de mais dois meses de licença-maternidade às gestantes, que será opcional para as empresas, poderá vir a se tornar um "direito" no futuro. Ou seja, mesmo não sendo obrigatória, pode se tornar uma prática disseminada entre as empresas, especialmente as grandes.
Essa é a previsão do advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária, ao analisar os efeitos da ampliação não obrigatória do benefício. "Com o passar do tempo, acredito que os dois meses adicionais virarão um direito."
Martinez toma como exemplo a contribuição previdenciária dos domésticos. Embora a lei determine que o patrão pague 12% e o empregado 8%, na prática o que ocorre é que o empregador paga os 20% sozinho (há casos em que, conforme o salário, a parte do empregado corresponda a 9% ou 11%, totalizando 21% ou 23%).
Martinez diz que as empresas menores, como as micro, terão dificuldade para aderir ao pagamento. É que, muitas vezes, elas têm um número muito reduzido de empregadas (uma ou duas), o que dificulta a extensão do benefício. "Mas esse é o preço a pagar pelo conforto social dado à mãe e ao filho."
A advogada Claudia Campas Braga Patah, especialista em legislação do trabalho do escritório Mascaro e Nascimento Advogados, concorda que as grandes empresas não terão dificuldade para pagar os dois meses adicionais às gestantes. Já para as menores a situação tende a ser mais complicada.
"A lei é a mesma [para todas as empresas], mas a realidade do mercado é diferente. Para as pequenas será mais difícil aderir ao pagamento."
Embora reconheça que o objetivo da lei, de proteger a criança, seja ótimo, a advogada entende que seis meses fora do mercado de trabalho poderá ser prejudicial às mulheres.
"Haverá ganho para a criança e perda para a mãe. Com a revolução tecnológica, a mulher acaba perdendo se ficar mais tempo fora do mercado. O mundo é muito competitivo, e o afastamento por longo tempo será prejudicial à própria empregada."


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Com lei do estágio, instituto diz que empresa pode reduzir vagas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.