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Ultra compra a Texaco por R$ 1,16 bilhão
Com a Ipiranga, adquirida em 2007, grupo passa a deter 23% do mercado brasileiro de distribuição de combustíveis
Negócio permite que Ultra
entre com a marca Ipiranga nos mercados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, os que mais crescem
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Ultra formalizou
ontem a compra -por R$ 1,16
bilhão- do negócio de distribuição de combustíveis da Texaco no país. Com a aquisição,
o grupo, dono da Ipiranga,
passa a deter 23% do mercado
brasileiro de combustíveis e
uma rede com cerca de 5.000
postos.
Dona da Texaco, a norte-americana Chevron, com sede
na Califórnia, vai continuar
no Brasil com suas atividades
de lubrificantes e de exploração de petróleo. A marca Texaco poderá ser utilizada pelo
Ultra por cinco anos. Após esse período, será substituída
pela Ipiranga.
O grupo Ultra é dono da rede de distribuição de combustíveis da Ipiranga nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil desde
março do ano passado. Para o
grupo, a aquisição da Texaco
fará com que a Ipiranga marque posição como a segunda
distribuidora de combustíveis
no país -a primeira é a BR,
com 34,4%-, já que a companhia passa a ser dona de postos Texaco nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
"A rede Texaco era para o
grupo Ultra a melhor opção
existente no mercado, já que
possui postos com boa estrutura e que fazem investimentos regularmente. Essa aquisição está em linha com nossos
negócios de distribuição de
combustíveis e com os das
áreas química e de logística",
afirma Pedro Wongtschowski,
diretor-presidente do grupo
Ultra.
Impulsionado pela expansão da economia, o mercado
brasileiro de combustíveis, segundo Wongtschowski, tem
forte perspectiva de crescimento. "Com a ampliação de
escala de distribuição, seremos mais competitivos. Isso
beneficia a companhia, os revendedores e os consumidores", diz.
No Centro-Oeste, no Norte
e no Nordeste, segundo ele, o
consumo de combustíveis subiu 14% no primeiro semestre
deste ano, mais do que a média
de crescimento nacional, de
11%. No Sul e no Sudeste, a expansão foi de 10% no período.
"As regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste se transformaram numa grande oportunidade de negócio para as empresas [essas três regiões representam 33% da venda total
de combustíveis da Texaco no
país]. O nosso tamanho a partir de agora está adequado às
condições de mercado. Poderão existir no futuro pequenas
aquisições para algum reforço
regional."
Leocadio de Almeida Antunes Filho, diretor-superintendente da Ipiranga, diz que o
mercado de combustíveis está
mais animado porque existe
ainda tendência de diminuição de postos sem bandeira
(bandeira branca), que concentram mais os problemas de
vendas de combustíveis adulterados.
Dos 35 mil postos existentes
no país, 15 mil são sem bandeira. "A tendência no país é de
queda da informalidade no setor e de redução do número de
postos sem bandeira", afirma.
Cade
O grupo Ultra não vê problemas na aprovação da compra
da Texaco pelo Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica). "O nosso negócio aumenta a possibilidade de escolha do consumidor e não diminui", diz Wongtschowski.
A idéia do Ultra é estender
para os postos Texaco a rede de
lojas de conveniência "ampm",
marca licenciada para a Ipiranga. As redes Ipiranga e Texaco,
segundo o grupo, têm agora
juntas 885 lojas de conveniência. "Vamos implantar esse modelo também na rede Texaco",
afirma Antunes Filho.
Para especialistas no mercado de combustíveis, a compra
da Texaco pelo Ipiranga mostra
que o mercado de combustíveis
chegou a uma fase de atrair investimentos no país. Recentemente, o grupo Cosan, líder do
setor sucroalcooleiro, adquiriu
por cerca de R$ 1 bilhão os ativos da Esso que pertenciam à
norte-americana Exxon Mobil.
As duas empresas norte-americanas, Exxon Mobil e
Chevron, segundo especialistas
nesse mercado, querem apenas
sair da rede de distribuição de
combustíveis, pois devem continuar firmes no mercado de
exploração e produção de petróleo no país.
Outros negócios
O grupo Ultra atua ainda em
dois outros setores -o químico
e o de logística. No setor químico, está investindo R$ 650 milhões na Oxiteno para aumentar sua capacidade de produção
e ampliar o foco na área de especialidades químicas.
No de logística, o grupo adquiriu em junho, por meio da
Ultracargo, a União Terminais,
operadora de logística para granéis líquidos, por R$ 510 milhões.
Mesmo após esses investimentos -a compra da Texaco
foi feita com recursos próprios-, o grupo Ultra informa
que tem "nível de endividamento confortável".
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