São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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Ultra compra a Texaco por R$ 1,16 bilhão

Com a Ipiranga, adquirida em 2007, grupo passa a deter 23% do mercado brasileiro de distribuição de combustíveis

Negócio permite que Ultra entre com a marca Ipiranga nos mercados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, os que mais crescem

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Ultra formalizou ontem a compra -por R$ 1,16 bilhão- do negócio de distribuição de combustíveis da Texaco no país. Com a aquisição, o grupo, dono da Ipiranga, passa a deter 23% do mercado brasileiro de combustíveis e uma rede com cerca de 5.000 postos.
Dona da Texaco, a norte-americana Chevron, com sede na Califórnia, vai continuar no Brasil com suas atividades de lubrificantes e de exploração de petróleo. A marca Texaco poderá ser utilizada pelo Ultra por cinco anos. Após esse período, será substituída pela Ipiranga.
O grupo Ultra é dono da rede de distribuição de combustíveis da Ipiranga nas regiões Sul e Sudeste do Brasil desde março do ano passado. Para o grupo, a aquisição da Texaco fará com que a Ipiranga marque posição como a segunda distribuidora de combustíveis no país -a primeira é a BR, com 34,4%-, já que a companhia passa a ser dona de postos Texaco nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
"A rede Texaco era para o grupo Ultra a melhor opção existente no mercado, já que possui postos com boa estrutura e que fazem investimentos regularmente. Essa aquisição está em linha com nossos negócios de distribuição de combustíveis e com os das áreas química e de logística", afirma Pedro Wongtschowski, diretor-presidente do grupo Ultra.
Impulsionado pela expansão da economia, o mercado brasileiro de combustíveis, segundo Wongtschowski, tem forte perspectiva de crescimento. "Com a ampliação de escala de distribuição, seremos mais competitivos. Isso beneficia a companhia, os revendedores e os consumidores", diz.
No Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste, segundo ele, o consumo de combustíveis subiu 14% no primeiro semestre deste ano, mais do que a média de crescimento nacional, de 11%. No Sul e no Sudeste, a expansão foi de 10% no período.
"As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste se transformaram numa grande oportunidade de negócio para as empresas [essas três regiões representam 33% da venda total de combustíveis da Texaco no país]. O nosso tamanho a partir de agora está adequado às condições de mercado. Poderão existir no futuro pequenas aquisições para algum reforço regional."
Leocadio de Almeida Antunes Filho, diretor-superintendente da Ipiranga, diz que o mercado de combustíveis está mais animado porque existe ainda tendência de diminuição de postos sem bandeira (bandeira branca), que concentram mais os problemas de vendas de combustíveis adulterados.
Dos 35 mil postos existentes no país, 15 mil são sem bandeira. "A tendência no país é de queda da informalidade no setor e de redução do número de postos sem bandeira", afirma.

Cade
O grupo Ultra não vê problemas na aprovação da compra da Texaco pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). "O nosso negócio aumenta a possibilidade de escolha do consumidor e não diminui", diz Wongtschowski.
A idéia do Ultra é estender para os postos Texaco a rede de lojas de conveniência "ampm", marca licenciada para a Ipiranga. As redes Ipiranga e Texaco, segundo o grupo, têm agora juntas 885 lojas de conveniência. "Vamos implantar esse modelo também na rede Texaco", afirma Antunes Filho.
Para especialistas no mercado de combustíveis, a compra da Texaco pelo Ipiranga mostra que o mercado de combustíveis chegou a uma fase de atrair investimentos no país. Recentemente, o grupo Cosan, líder do setor sucroalcooleiro, adquiriu por cerca de R$ 1 bilhão os ativos da Esso que pertenciam à norte-americana Exxon Mobil.
As duas empresas norte-americanas, Exxon Mobil e Chevron, segundo especialistas nesse mercado, querem apenas sair da rede de distribuição de combustíveis, pois devem continuar firmes no mercado de exploração e produção de petróleo no país.

Outros negócios
O grupo Ultra atua ainda em dois outros setores -o químico e o de logística. No setor químico, está investindo R$ 650 milhões na Oxiteno para aumentar sua capacidade de produção e ampliar o foco na área de especialidades químicas.
No de logística, o grupo adquiriu em junho, por meio da Ultracargo, a União Terminais, operadora de logística para granéis líquidos, por R$ 510 milhões.
Mesmo após esses investimentos -a compra da Texaco foi feita com recursos próprios-, o grupo Ultra informa que tem "nível de endividamento confortável".


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