São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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Artifício contábil aumenta o lucro da Caixa no 2º tri

Ganho cresce R$ 820 milhões e turbina resultados do 1º semestre em 53%

Limite de crédito tributário se amplia com CSLL maior e banco usa desconto em impostos para compensar prejuízos anteriores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Artifício contábil aumentou o lucro da Caixa Econômica Federal em R$ 820 milhões no segundo trimestre do ano, levando o resultado no semestre para R$ 2,543 bilhões, crescimento de 53% em relação aos primeiros seis meses de 2007.
O desempenho foi possível graças a uma medida tomada pelo governo para compensar as perdas com o fim da CPMF.
Em janeiro, subiu de 9% para 15% a alíquota da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) cobrada dos bancos.
Com isso, também subiu, na mesma proporção, o limite de crédito tributário que pode ser utilizado pelas instituições financeiras. Por meio desses créditos, empresas conseguem um desconto nos impostos a pagar para compensar prejuízos apurados em anos anteriores.
Ainda assim, o lucro da Caixa ficou abaixo do resultado alcançado pelos principais bancos privados que atuam no país. O Bradesco, por exemplo, teve ganhos de R$ 4,105 bilhões de janeiro a junho deste ano.
Desconsiderado o impacto do crédito tributário, o lucro da Caixa teria crescido 19% no primeiro semestre deste ano.
A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, classificou o lucro do banco estatal no primeiro semestre como "satisfatório". "O resultado demonstra o acerto da Caixa em priorizar a expansão do crédito e a inclusão bancária no país."
A carteira de crédito da Caixa chegou a R$ 58,1 bilhões no final do primeiro semestre, um crescimento de 29,2% em relação ao saldo de junho do ano passado. Os ganhos obtidos com a cobrança de juros de empréstimos, porém, registraram uma expansão de apenas 8,6%.
De acordo com o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, esse movimento se explica pela queda das taxas de juros observada entre o começo do ano passado e o início deste ano.
Além disso, a Caixa contou com um aumento de 8,3% no faturamento com tarifas bancárias, que somou R$ 3,630 bilhões no primeiro semestre.
Ao contrário do que ocorreu com muitos bancos privados, atingidos pelas regras mais rígidas impostas pelo governo, os ganhos da Caixa com tarifas se mantiveram em alta, em boa parte, por causa das receitas obtidas com a prestação de serviços para o governo -como o pagamento de benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família. Esses serviços representam metade dos ganhos da Caixa com tarifas.
Em compensação, a Caixa também mantém em níveis elevados a parcela de seus lucros que foram repassados ao governo federal, único acionista do banco. No mês passado, foram pagos ao Tesouro R$ 588 milhões como adiantamento dos dividendos a serem auferidos ao longo de 2008. Em 2007, do lucro total de R$ 2,5 bilhões obtido pela Caixa, R$ 1,1 bilhão foi parar nos cofres do governo.

FGTS
A presidente da Caixa se mostrou contrária a uma mudança que pudesse aumentar a rentabilidade dos saldos do FGTS (hoje corrigidos pela variação da TR, mais juros de 3% ao ano). "A TR é o mesmo indexador que remunera os contratos habitacionais", disse.


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