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Desaceleração econômica abre risco de duplo prejuízo para Brasil, diz analista
MARCELA CAMPOS
DA REDAÇÃO
Com corrente comercial que
superou os US$ 67 bilhões, em
2007, o Brasil tem na União
Européia um de seus principais
parceiros comerciais: cerca de
25% dos produtos brasileiros
vendidos ao exterior vão para a
UE. Segundo especialistas em
comércio internacional, uma
freada no crescimento econômico da zona do euro tem impactos sobre o resto do mundo,
já que os mercados são interdependentes, e deve complicar os
resultados da balança comercial brasileira.
Para o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, os recentes resultados de contração no PIB
do Japão e da zona do euro indicam que a economia mundial
já começou a entrar em desaceleração. "Como a maioria importa commodities do Brasil, a
queda do PIB deles nos afeta. O
risco é o de um duplo prejuízo,
com queda nas cotações das
commodities e na quantidade
exportada."
Para Castro, há sinais de que
a bolha que inflou o preço das
commodities pode estar prestes a estourar. Ele ressalta que
os reflexos de eventual estouro
só seriam sentidos em 2009.
"Neste momento, não há saída,
65% das exportações brasileiras são commodities. Com a
atual taxa de câmbio, fica difícil
manter a competitividade. Temos que torcer para que nossos
parceiros cresçam porque neste momento dependemos mais
do mundo do que de nós."
Fábio Kanczuk, professor da
FEA/USP, afirma que a análise
passa por observar as exportações globais, já que Europa,
EUA e países asiáticos e latino-americanos estão interligados
pelo comércio internacional.
Segundo o professor, as exportações mundiais, que em
2007 cresciam a um ritmo de
13% ao ano, hoje se expandem a
8%. "Essa redução do PIB era
algo contado e até demorou para acontecer. É claro que vai
machucar o Brasil, mas nada de
desesperador", analisa. Kanczuk avalia que, "como o câmbio
é flutuante, vai se ajustar a essa
nova situação. O real vai ter que
se depreciar".
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