São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desaceleração econômica abre risco de duplo prejuízo para Brasil, diz analista

MARCELA CAMPOS
DA REDAÇÃO

Com corrente comercial que superou os US$ 67 bilhões, em 2007, o Brasil tem na União Européia um de seus principais parceiros comerciais: cerca de 25% dos produtos brasileiros vendidos ao exterior vão para a UE. Segundo especialistas em comércio internacional, uma freada no crescimento econômico da zona do euro tem impactos sobre o resto do mundo, já que os mercados são interdependentes, e deve complicar os resultados da balança comercial brasileira.
Para o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, os recentes resultados de contração no PIB do Japão e da zona do euro indicam que a economia mundial já começou a entrar em desaceleração. "Como a maioria importa commodities do Brasil, a queda do PIB deles nos afeta. O risco é o de um duplo prejuízo, com queda nas cotações das commodities e na quantidade exportada."
Para Castro, há sinais de que a bolha que inflou o preço das commodities pode estar prestes a estourar. Ele ressalta que os reflexos de eventual estouro só seriam sentidos em 2009. "Neste momento, não há saída, 65% das exportações brasileiras são commodities. Com a atual taxa de câmbio, fica difícil manter a competitividade. Temos que torcer para que nossos parceiros cresçam porque neste momento dependemos mais do mundo do que de nós."
Fábio Kanczuk, professor da FEA/USP, afirma que a análise passa por observar as exportações globais, já que Europa, EUA e países asiáticos e latino-americanos estão interligados pelo comércio internacional.
Segundo o professor, as exportações mundiais, que em 2007 cresciam a um ritmo de 13% ao ano, hoje se expandem a 8%. "Essa redução do PIB era algo contado e até demorou para acontecer. É claro que vai machucar o Brasil, mas nada de desesperador", analisa. Kanczuk avalia que, "como o câmbio é flutuante, vai se ajustar a essa nova situação. O real vai ter que se depreciar".


Texto Anterior: Japão e Eua: Países rumam para a recessão
Próximo Texto: Biomassa reforça sistema elétrico em 2009
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.