VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O ano de 99 está marcando uma virada na liderança do mercado segurador. É o que indicam os primeiros seis meses.
A Bradesco Seguros, do grupo do maior banco privado brasileiro, avançou sobre o primeiro lugar do ranking, desbancando a Sul América, que agora está em segundo, por faturamento.
A diferença ainda é mínima. São algumas poucas dezenas de milhões em um mercado que fatura quase R$ 20 bilhões por ano.
Os balanços das seguradoras ainda não foram publicados, mas a Bradesco adiantou que fechou o semestre com um faturamento em torno de R$ 1,790 bilhão. Já a Sul América, faturou cerca de R$ 1,750 no período.
Apenas R$ 40 milhões separam uma da outra. "Nossa liderança ainda não é tranquila o suficiente para dormirmos satisfeitos", diz João Regis dos Santos, vice-presidente da Bradesco. "Mas estamos voltando à liderança", afirma. A empresa já foi líder no passado.
Hélio Novaes, vice-presidente da Sul América, encara o movimento com naturalidade, ao dizer que "provavelmente vamos ficar em segundo lugar (no semestre)". "Liderança já foi uma coisa importante para nós, deixou de ser. O importante é ter foco nos resultados", afirma.
Os fracos resultados eram o principal motivo de críticas à Sul América nos últimos anos. Uma máquina de vender seguros, a empresa tinha resultados parcos, principalmente quando comparados aos de sua principal rival.
No ano passado, a Sul América fechou com lucro de R$ 144 milhões, enquanto a Bradesco Seguros lucrou R$ 478 milhões.
Agora os tempos são outros, diz Novaes. "Já teremos um resultado melhor no primeiro semestre."
Segundo Novaes, a produção da empresa caiu porque ela está mais seletiva. "Queremos conhecer melhor o cliente e sair da mesmice de atender de maneira igual a todo mundo", diz ele.
A regra agora na Sul América é definir o perfil dos clientes e cobrar mais daqueles que oferecem maior risco e menos daqueles que trazem um risco menor. "A empresa que não tiver visão de longo prazo não vai sobreviver à exigência do consumidor."
Em boa parte, a diferença de resultados se explica pela excepcional rede de distribuição que a Bradesco seguros tem nas mais de 2.000 agências do banco. Elas respondem por cerca de 35% das vendas da seguradora. Isso significa que boa parte dos custos de distribuição da seguradora ficam no banco, o que a torna mais leve e mais lucrativa.
Segundo o consultor da área de seguros Francisco Galiza, a liderança da Bradesco é consequência de um agressivo processo de aquisições de seguradoras menores. A compra do BCN pelo banco Bradesco também ajudou. Agora, as 123 agências do BCN só vende seguros da Bradesco.
Galiza concorda que a liderança ainda é frágil. Segundo ele, a Bradesco tem cerca de 19% do mercado e a Sul América, cerca de 18%.
Para consolidar a posição, a Bradesco aposta suas fichas no segmento de seguros de vida.


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