São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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Preocupação é que crise continue a se espalhar e chegue até empresas saudáveis

DO "NEW YORK TIMES"

A reunião no final de semana entre as autoridades do governo americano e os principais dirigentes de Wall Street não ficou restrita ao destino do Lehman Brothers. O grupo discutiu a condição financeira de outras instituições e a situação geral dos mercados financeiros. O temor é que outras grandes instituições como a seguradora AIG e o banco de investimento Merrill Lynch passem por crise similar e também necessitem de bilhões de dólares para fortalecerem seus negócios.
A disseminação dos problemas é mais um sinal de que mesmo a intervenção do governo no setor privado nos últimos meses não foi suficiente para conter a crise em instituições famosas -e que até pouco tempo atrás eram consideradas inatacáveis.
Na verdade, o Lehman e outras firmas vinham dizendo há meses que estavam cuidando dos seus ativos problemáticos ligados ao setor imobiliário, mas as suas ações continuaram a despencar. O resultado disso é que vários investidores não têm mais certeza de quanto valem essas instituições financeiras e não querem mais aplicar nelas enquanto não souberem. Ao mesmo tempo, vários gerentes de fundos de hedge e outros corretores tiveram lucros expressivos com apostas de que essas ações iriam perder valor.
As empresas que assumiram riscos maiores e usaram o endividamento agressivamente para expandir seus negócios foram as primeiras a cair quando o mercado de crédito começou a afundar, e agora as companhias saudáveis é que estão sob pressão. Empréstimos que eram considerados muito melhores do que as hipotecas "subprime" (de alto risco, que deram origem à crise) se tornaram apenas marginalmente mais seguras.
"Você tem que imaginar isso como se estivesse ocorrendo uma epidemia -uma epidemia de destruição de capital", afirmou James Melcher, do fundo de hedge Balestra Capital.
O governo americano assumiu uma pouco usual posição ativa na crise atual. O Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) organizou, em março, um rápido resgate do banco de investimento Bear Stearns. Há oitos dias, os reguladores federais assumiram o controle das duas maiores empresa de financiamento hipotecário do país, Fannie Mae e Freddie Mac.
Em cada um desses momentos, as autoridades esperavam que o que eles tinham feito era o necessário para retomar a confiança dos mercados, apenas para serem presenteadas com uma nova crise.


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