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Campanha defende "uso consciente" do cartão de crédito
Acusadas de abuso de poder econômico, empresas de cartão orientam usuários a controlar gastos
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que foram acusadas de
suposto abuso de poder econômico e obtenção de lucros injustificados, em abril passado,
as empresas que controlam o
mercado de cartões de crédito
no Brasil optaram pela discrição, submergindo no front da
opinião pública.
O setor agora reage. A Abecs
(Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e
Serviços) dá hoje início a uma
campanha publicitária para
enaltecer as vantagens do uso
de cartões de crédito e para
orientar os consumidores a
controlar seus gastos.
O plano de mídia inclui jornais, revistas, rádio e internet.
Em programas de TV, a campanha será feita inteiramente por
meio de merchandising.
Outro objetivo da iniciativa é
esclarecer dúvidas e dissipar
críticas feitas por lojistas. "A
campanha não tem relação
com as críticas que temos recebido", disse à Folha Paulo Caffareli, presidente da ABECS. "É
apenas coincidência".
Bola de neve
Segundo Caffareli, a ABECS
identificou, em uma pesquisa
realizadas pelo Datafolha no final do ano passado, que o consumidor muitas vezes tem receio de utilizar o cartão por
achar que não terá controle sobre seus gastos. E que, apesar
de ser prático, o cartão pode gerar o efeito "bola-de-neve".
A ABECS acredita ainda que
poderá esclarecer por que, nas
transações com cartão de crédito no Brasil, o prazo entre a
data da compra e a data do crédito ao estabelecimento é de
trinta dias, enquanto no exterior é de apenas dois dias.
"O lojista recebe em 30 dias
porque, no Brasil, o usuário do
cartão tem 30 dias sem juros
para pagar o cartão", diz ele.
Em uma peça publicitária a
que a Folha teve acesso, explica-se como uma personagem
chamada Paula, esteticista, usa
seu cartão de crédito para controlar os gastos. "[Paula] Soma
os comprovantes para não extrapolar nas compras e sempre
paga o valor total da fatura para
não arcar com os juros."
Em abril, estudo divulgado
pelo governo concluiu que o
mercado brasileiro de cartões é
extremamente concentrado,
impede a entrada de novos participantes e, por isso, precisa
passar por profunda reformulação para repassar ganhos de
escala e beneficiar a economia
como um todo.
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