|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEGOCIAÇÕES
Federação teria dado orientações para que empresas endurecessem discussões com sindicatos da central
Suposto documento da Fiesp irrita CUT
SÉRGIO LÍRIO
da Reportagem Local
Um documento supostamente
assinado pelo presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo
Moreira Ferreira, pode azedar as
negociações salariais entre empresários e sindicatos da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
No documento, divulgado ontem pela CUT, a Fiesp dá orientações para que as empresas joguem
duro com os metalúrgicos do ABC
e outros sindicatos cutistas durante as negociações deste ano.
Uma das orientações é nunca
oferecer mais de 2% de reajuste.
Outra proposta é "fazer valer a decisão de cortar todas as cláusulas
sociais que onerem as empresas".
No final, o documento lembra a
vantagem das empresas nas negociações. "Tendo em vista a fragilidade dos trabalhadores, com receio de perder seus empregos, os
sindicatos não vão encontrar condições para uma possível greve.
Portanto, é o momento de angariarmos sucesso nesta campanha
salarial", conclui.
A data do documento é 25 de setembro e dele constariam determinações de uma reunião extraordinária do conselho deliberativo da
Fiesp, realizada no dia 23.
A Fiesp nega a veracidade do documento e afirma que a assinatura
de Moreira Ferreira foi falsificada.
Segundo a assessoria de imprensa,
que distribuiu ontem uma nota
oficial (ver texto ao lado), a Federação irá recorrer à Justiça para encontrar os responsáveis pela falsificação do documento.
Segundo a CUT, o documento
foi encontrado por um metalúrgico da Ford de São Bernardo do
Campo na mesa de um funcionário do setor de recursos humanos
da empresa. O trabalhador teria
então feito uma cópia que foi entregue ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que a publicou na edição de ontem de seu jornal "Tribuna Metalúrgica".
O presidente dos metalúrgicos
do ABC, Luiz Marinho, solicitou
uma reunião com Moreira Ferreira para pedir explicações sobre o
documento. Até o fechamento
desta edição, a reunião ainda não
havia sido confirmada.
Marinho afirmou não saber se o
documento é verdadeiro, mas disse que as propostas coincidem
com a postura adotada pelas empresas nas negociações salariais.
"Desde o ano passado, os empresários vêm insistindo em cortar
cláusulas sociais do acordo coletivo e em negar reajustes. Se o documento não é real, então vamos pedir que eles retirem toda essa discussão da mesa de negociação."
Colaborou Cristiane Lucchesi, do Painel S/A
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|