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Medidas são "boas intenções", dizem lojistas
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
As medidas anunciadas pelo governo para diminuir os juros cobrados dos consumidores são
consideradas "boas intenções"
para lojas e financeiras, mas ainda
insuficientes para resultar na redução das taxas no curto prazo.
A inadimplência, segundo especialistas em varejo e em crédito
ouvidos pela Folha, tem grande
participação na definição dos juros, e continua ainda elevada,
apesar de estar menor do que há
dois anos, quando atingiu o pico.
Na análise de lojistas e executivos de financeiras, os juros tendem a cair de forma mais significativa quando o consumidor tiver
capacidade para renegociar as dívidas. E isso, dizem, só será possível com a diminuição do desemprego e com reajustes salariais.
Na Lojas Cem, os juros continuam como estão. "É que a inadimplência continua estabilizada
em 3,5% sobre o valor financiado,
diz Natale Dalla Vecchia, diretor.
Segundo ele, a inadimplência bateu em 7,5% em 97, mas antes de
94 não passava de 1%.
Dalla Vecchia não vê, pelo menos a curto prazo, condições para
que a inadimplência diminua. Os
juros, portanto, vão se manter entre 1,6% ao mês e 4,5% ao mês, incluindo o IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), no financiamento até 12 meses.
A Cred 1, prestadora de serviços
do banco Matrix para financiamento ao consumidor, também
não vai mexer nas taxas, pelo menos por enquanto.
A Cred 1, que administra o crediário de cerca de mil pontos-de-venda, entende que a inadimplência, o custo operacional da empresa e a taxa de juros básica da
economia definem os juros cobrados dos consumidores.
"Nada disso mudou hoje (ontem)", afirma Mauro Wulkan, sócio-diretor da Cred 1. A redução
do IOF nas operações de crédito
de pessoas físicas, de 6,5% para
1,5%, diz, vai resultar na redução
da prestação e não dos juros.
O fato de o governo ter zerado a
taxa que os bancos recolhem ao
Banco Central (BC) sobre os depósitos a prazo terá pouco impacto. "Já existe mais dinheiro no
mercado, só que isso não resultou
em redução dos juros por causa
do risco da inadimplência."
Na Cred 1, diz ele, a inadimplência está estabilizada em 6,5% sobre as vendas financiadas no plano médio de financiamento, que é
de cinco meses. No prazo mais
longo, de até 12 prestações, a inadimplência chega a 12%.
"Se o calote diminuiu um pouco
é porque estamos sendo mais rigorosos na liberação do crédito e
não porque o consumidor está
ganhando mais dinheiro ou porque reduziu o desemprego."
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado
de São Paulo, diz que a boa notícia
é a decisão do governo de criar
sistemas para identificar quem
são os bons e os maus pagadores.
"As medidas têm boas intenções.
É preciso dar tempo para que
dêem resultados."
A diretoria do Ponto Frio entende que as medidas para reduzir os
juros cobrados dos consumidores
terão efeito, mas não imediato. "A
inadimplência precisa diminuir
para que os lojistas e as financeiras se animem e reduzam os juros", diz David Epsztejn, diretor.
No Ponto Frio, o consumidor
paga juros de 3% a 7,7% ao mês,
incluindo o IOF. "Vamos ver como o mercado vai se comportar."
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