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POLÍTICA MONETÁRIA
Instituição quer estimular a concorrência para tentar reduzir as taxas de juros dos bancos
Cheque especial dá lucro de 31%, diz BC
da Sucursal de Brasília
O Banco Central concluiu que
os juros do cheque especial são altos porque os bancos se aproveitam da frágil concorrência para
obter altas margens de lucro.
Segundo estudo do BC, a margem de lucro dos bancos nos empréstimos de cheques especiais é
de 31%, enquanto a fatia de lucro
nos créditos pessoal e ao consumidor se limita a apenas 6%. Em
alguns casos, os bancos chegam a
obter lucro de 400% sobre os custos de captação de recursos.
Para ampliar a concorrência no
setor, o BC pretende dar maior visibilidade às taxas de juros cobradas pelos bancos no cheque especial e facilitar a migração de clientes de uma banco para outro.
A exemplo das demais modalidades de crédito a pessoas físicas,
os juros do cheque especial sofrerão ligeira queda na próxima semana, devido à redução de 6%
para 1,5% do IOF.
O presidente do BC, Armínio
Fraga, estimou em dez pontos
percentuais o impacto da queda
do IOF sobre os juros do cheque
especial. Ou seja, os juros médios
cairiam de 178% para 168%
anuais. Essa taxa de 168% equivale a 8,56% ao mês.
O IOF, entretanto, responde
apenas por uma pequena fatia
dos altos juros do cheque especial.
Uma maior concorrência teria
um impacto maior sobre os juros
nessa modalidade de crédito.
Se a margem de lucro dos bancos no cheque especial caísse de
31% para 6%, igualando-se à do
crédito ao consumidor, a taxa de
juros cobrada dos clientes poderia ser reduzida em 38 pontos percentuais.
Para o BC, a alta taxa de retorno
na concessão de crédito no cheque especial só é possível porque
os bancos têm um forte poder de
mercado sobre os clientes.
"O banco têm uma espécie de
monopólio sobre o cliente e se
aproveitam disso para obter um
retorno maior", disse o chefe do
Departamento de Estudos e Pesquisas do BC, Alexandre Tombini. A partir de 5 de novembro, o
BC passará a divulgar pela Internet (www.bcb.gov.br) as taxas de
juros cobradas em cada banco.
O BC também vai criar um chamado "cadastro positivo" para facilitar aos clientes a troca de banco. Será um banco de dados com
os bons pagadores e limites globais de crédito para cada pessoa.
Hoje, é muito difícil um cliente
mudar de banco e no dia seguinte
obter uma linha de crédito em
cheque especial. Antes de conceder o cheque especial, o banco
testa o cliente como um correntista comum. Caso seja aprovado no
teste, ele receberá depois uma linha de crédito no cheque especial.
Com o cadastro positivo, o BC
espera que os bancos possam conhecer rapidamente o cliente para fornecer o cheque especial com
maior rapidez.
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