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FIM DO SUFOCO?
Setor em SP contrata mais do que demite em setembro; Fiesp, porém, ainda não vê retomada econômica
Após "ressaca", indústrias contratam mais
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Após cinco meses consecutivos
de queda no nível de emprego industrial -desde abril o setor fechava mais vagas do que abria-,
em setembro o saldo ficou positivo. Foram criados 4.383 postos de
trabalho (equivale a metade de
uma siderúrgica como a Usiminas) pelo setor no Estado de São
Paulo. Isso equivale a uma expansão de 0,29% no número de vagas
em setembro sobre agosto.
Os dados foram apresentados
pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ontem. Com isso, setembro de 2003
apresentou o melhor resultado
para o mês desde 2000. E foi o segundo melhor mês do ano para o
indicador. Isso, de certa forma,
"anula" as perdas em agosto,
quando foram demitidos mais de
3,9 mil empregados.
A entidade, no entanto, fez
questão de descartar a hipótese de
que o resultado seja reflexo de
uma retomada econômica na indústria paulista. Mais do que isso:
demonstrou, por meio de números, que a contratação de trabalhadores ocorreu em setores exportadores. É uma meia verdade.
Exemplo: o setor de calçados foi
o campeão em contratações em
setembro, com elevação de 8% no
nível de emprego em relação a
agosto. Mas esse é um segmento
que atende, em grande parte, o
mercado interno. Dos 640 milhões de pares produzidos anualmente no país, de 20% a 30%, no
máximo, são enviados para fora.
E mais: no mês de setembro, em
relação a agosto, houve queda das
exportações de calçados de 12%,
diz a Abicalçados, entidade que
representa as empresas.
Além de calçados, os melhores
desempenhos ficaram com o setor de congelados e supercongelados (suco de laranja, por exemplo) e calçados produzidos em
Franca (SP) -que são analisados
pelo estudo separadamente.
O setor de bebidas, papelão e
fundição (os dois últimos com
boa parte da produção para atender basicamente o mercado interno) tiveram aumento nas contratações também. Grandes empresas de fundição, por exemplo, admitem pessoal para produzir eixo
de vagão para ferrovias no país.
A Fiesp, porém, afirma que
"ainda hão há sinal claro de retomada na economia, mas uma
perspectiva apontando para isso".
Afirma ainda que "foi o extraordinário resultado das exportações
em alguns setores que puxou a alta no emprego", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Para defender seu raciocínio,
Messer afirma que setores como
massas e biscoitos, esquadrias e
construção metálica e aparelhos
elétricos -que atendem a demanda interna em grande parte- tiveram resultados negativos
no nível de emprego.
Na análise de economistas ouvidos pela Folha ontem, ainda é difícil ter uma noção clara do que
ocorre em todos os setores e há
riscos nas generalizações. Mas há
uma unanimidade: nem sempre o
indicador de nível de emprego é o
que melhor reflete a temperatura
da atividade econômica. Ou seja,
mesmo que vagas tivessem sido
fechadas em setembro, o resultado não poderia ser interpretado
como sinônimo de retração.
Isso porque pode ocorrer um
aumento no ritmo de produção
de uma indústria sem, porém,
que seja preciso contratar mais
mão-de-obra. O recente aumento
na produtividade e os investimentos tecnológicos ajudaram as
empresas a fabricar mais sem precisar contratar tantos funcionários como no passado.
Para a Fiesp, o setor deve fechar
o ano com 6,5 mil vagas a menos
do que em 2002 -quando já foram fechados 68,9 mil postos.
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