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POLÊMICA
Governador gaúcho pede a liberação do uso do glifosato, produto que confere a vantagem de plantar transgênico
Agora, RS pressiona por uso de agrotóxico
ANDRÉ SOLIANI
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB),
começou ontem a pressionar o governo pela liberação do uso do agrotóxico glifosato, necessário para o plantio da soja geneticamente modificada.
"Não adianta ter liberado a medida provisória para a safra deste
ano se houver a decisão de não autorizar o uso de um produto
fundamental para o desenvolvimento da produção", disse Rigotto, após reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
O produto ao qual Rigotto se referia é o glifosato. Na semana passada, o CTA (Comitê Técnico de
Assessoramento para Agrotóxico) negou um pedido do Ministério da Agricultura, que queria a liberação do uso do glifosato nos
pés de soja transgênica.
Sem o glifosato, não há vantagem no uso da semente modificada geneticamente. A utilização do
agrotóxico torna, inclusive, o procedimento ilegal. A avaliação é
consenso na Esplanada dos Ministérios. O Ministério da Agricultura, um dos principais defensores da medida provisória, concorda com a interpretação.
A situação do governo é delicada, pois há menos de um mês editou a medida provisória para permitir aos agricultores plantarem
soja transgênica protegidos pela
lei. O agricultor, no entanto, que
plantar transgênicos e usar o glifosato corre o risco de ser preso.
Um dos assessores de Dirceu
disse à Folha que não será possível autorizar o uso do glifosato
por meio de uma decisão política,
como foi feito com a semente.
"Nós consideramos correta a
decisão do CTA. Reconhecemos
que há um impasse e não vemos
alternativa para superá-lo", disse
Claudio Langone, secretário-executivo do Ministério do Meio
Ambiente.
Diante do situação, setores do
governo avaliam que quem saiu
vitoriosa nessa disputa foi a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) -contrária à MP.
"Os grande vitoriosos desse imbróglio foram o movimento ambientalista e a ministra Marina Silva, e não Rodrigues (Agricultura)", afirma a consultora da ONG
ASPTA (Assessoria e Serviços a
Projetos em Agricultura Alternativa) e integrante da Campanha
por um Brasil Livre de Transgênicos, Flávia Londres.
A Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e a
Agricultura ainda têm esperanças
de virar o jogo. O presidente da
Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, espera que os problemas da MP sejam resolvidos
na sua votação no Congresso.
A Agricultura espera resolver o
assunto em 120 dias. O uso do glifosato nas plantações seria ilegal
sem a autorização, mas dificilmente a fiscalização conseguiria
agir. Após a colheita, fica mais fácil analisar os grãos e averiguar se
houve uso do glifosato.
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