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São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

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POLÊMICA

Governador gaúcho pede a liberação do uso do glifosato, produto que confere a vantagem de plantar transgênico

Agora, RS pressiona por uso de agrotóxico

ANDRÉ SOLIANI
GABRIELA ATHIAS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), começou ontem a pressionar o governo pela liberação do uso do agrotóxico glifosato, necessário para o plantio da soja geneticamente modificada.
"Não adianta ter liberado a medida provisória para a safra deste ano se houver a decisão de não autorizar o uso de um produto fundamental para o desenvolvimento da produção", disse Rigotto, após reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
O produto ao qual Rigotto se referia é o glifosato. Na semana passada, o CTA (Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxico) negou um pedido do Ministério da Agricultura, que queria a liberação do uso do glifosato nos pés de soja transgênica.
Sem o glifosato, não há vantagem no uso da semente modificada geneticamente. A utilização do agrotóxico torna, inclusive, o procedimento ilegal. A avaliação é consenso na Esplanada dos Ministérios. O Ministério da Agricultura, um dos principais defensores da medida provisória, concorda com a interpretação.
A situação do governo é delicada, pois há menos de um mês editou a medida provisória para permitir aos agricultores plantarem soja transgênica protegidos pela lei. O agricultor, no entanto, que plantar transgênicos e usar o glifosato corre o risco de ser preso.
Um dos assessores de Dirceu disse à Folha que não será possível autorizar o uso do glifosato por meio de uma decisão política, como foi feito com a semente.
"Nós consideramos correta a decisão do CTA. Reconhecemos que há um impasse e não vemos alternativa para superá-lo", disse Claudio Langone, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.
Diante do situação, setores do governo avaliam que quem saiu vitoriosa nessa disputa foi a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) -contrária à MP.
"Os grande vitoriosos desse imbróglio foram o movimento ambientalista e a ministra Marina Silva, e não Rodrigues (Agricultura)", afirma a consultora da ONG ASPTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa) e integrante da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos, Flávia Londres.
A Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e a Agricultura ainda têm esperanças de virar o jogo. O presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, espera que os problemas da MP sejam resolvidos na sua votação no Congresso.
A Agricultura espera resolver o assunto em 120 dias. O uso do glifosato nas plantações seria ilegal sem a autorização, mas dificilmente a fiscalização conseguiria agir. Após a colheita, fica mais fácil analisar os grãos e averiguar se houve uso do glifosato.


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