São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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Emprego formal tem maior alta do ano em setembro

Recuperação da indústria favorece contratações com carteira assinada no país

Pelo 8º mês consecutivo, cadastro do Ministério do Trabalho registra saldo positivo; no 4º tri, ritmo de admissões costuma cair

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recuperação da indústria reforçou a criação de postos de trabalho formais no país em setembro. No oitavo mês consecutivo de saldo positivo no emprego com carteira assinada, foram geradas 252.617 vagas, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O resultado foi o mais expressivo do ano e o segundo melhor para o período na série histórica, iniciada em 1992.
O crescimento no mercado formal em setembro foi de 0,77%, em decorrência do 1,491 milhão de admissões no mês, enquanto os desligamentos ficaram em 1,238 milhão. "Agora nem o mais pessimista pode falar que o resultado não é positivo", afirmou o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Nos últimos 12 meses, incluindo o período mais agudo da crise, o saldo de contratações chega a 298.285. Desde janeiro, foram criadas 932.651 vagas de trabalho.
Embora tradicionalmente o último trimestre apresente um ritmo menor de geração de postos de trabalho, inclusive com queda em dezembro, Lupi estima que a recuperação da indústria deva segurar o desempenho pelo menos em outubro. "O resultado do próximo mês pode surpreender. Acredito que vamos criar 1,1 milhão empregos em 2009."
Quase metade das vagas do mês foi criada nas fábricas, ramo da economia que mais cortou mão de obra na crise, com destaque para as cadeias produtivas de alimentos, têxteis, calçados e metalurgia.
A contratação líquida de 123.318 pessoas no mês -recorde na série histórica- deixou positivo pela primeira vez o acumulado do setor em 2009. Desde janeiro, a indústria incorporou 62.759 postos.
"O avanço do emprego industrial ocorre em um momento no qual os empresários normalmente contratam para formar os estoques de fim do ano. Além disso, vários segmentos aproveitam para preencher espaços que ficaram vazios na crise", afirmou Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

Apenas em 2010
No entanto, o crescimento ainda não é suficiente para recuperar todas as vagas perdidas ao longo do último ano. Na comparação com outubro de 2008, ainda há uma redução de 282.540 vagas na indústria.
"Apesar de ter fôlego para crescer em outubro e novembro, o emprego nas fábricas só deve igualar o patamar pré-crise no fim do primeiro semestre de 2010", disse Romão.
Em setembro, o aquecimento em São Paulo possibilitou a geração de 59.547 empregos, o melhor resultado absoluto do país. O total de contratados na indústria paulista superou em 21.146 o de dispensados.
A maior expansão do emprego ocorreu no Nordeste, com a criação de 100.442 vagas no mês passado, principalmente nas usinas de açúcar. Além disso, segundo o coordenador do Centro Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, os programas de transferência de renda também influem no resultado.
"Esses repasses e o efeito previdenciário do aumento do salário mínimo" também podem explicar essa alta, disse.


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