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MERCADO TENSO
Premiê diz que deve priorizar salvamento de bancos, redução do déficit e reforma fiscal em programa
Rússia vai estocar comida para o inverno
das agências internacionais
A Rússia vai armazenar alimentos para prevenir que boa parte da
população passe fome durante o
inverno que se aproxima, numa
tentativa de minimizar os efeitos
da crise sobre os mais pobres,
anunciou ontem o primeiro-ministro russo, Ievguêni Primakov.
Primakov discursou ontem
diante do Conselho da Federação,
o Senado russo, para anunciar suas
prioridades econômicas. Entre
elas, estão a reestruturação do sistema bancário, virtualmente falido, a redução do déficit do governo e a reforma do sistema fiscal.
O objetivo é reanimar a economia injetando liquidez, mas evitando recorrer à emissão de moeda, medida que esteve em pauta
nas últimas semanas, para evitar
uma desvalorização ainda maior e
uma aceleração da inflação.
Desenhando um panorama desolador da economia russa, Primakov admitiu que, desde sua chegada ao poder, há um mês, o poder
aquisitivo da população caiu 11% e
o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 16%.
O rublo, moeda local, perdeu
mais de 60% de seu valor desde
agosto, depois de uma desvalorização que se descontrolou. Com isso,
a inflação disparou, podendo ultrapassar 160% neste ano.
Além disso, o governo está atrasando desde maio o pagamento de
salários e pensões e alguns bancos
tiveram seus depósitos congelados, prejudicando as duas principais fontes de rendimento dos russos. Para completar, a produção
agrícola do país teve uma quebra.
"Os salários e as pensões não têm
sido pagos, o sistema bancário está
paralisado, não recebemos a parcela de ajuda do Fundo Monetário
Internacional, as importações de
bens de consumo caíram a um
quarto. É necessário reunir esforços para tirar o país da crise", disse
Primakov.
Ele anunciou a criação de uma
"reserva alimentar de emergência", capaz de abastecer um terço
da população russa, de 148 milhões
de pessoas, durante duas semanas.
O custo, segundo o premiê, será
de US$ 40 milhões. Primakov não
disse como vai reunir essa quantidade de alimentos.
Outro passo para tentar aliviar a
população é a prioridade para colocar em dia o pagamento dos salários e pensões, ainda que isso signifique atrasar ainda mais o cumprimento das dívidas do governo,
especialmente dos débitos externos, segundo ele.
A dívida pública russa, afirmou,
ultrapassa os US$ 225 bilhões e
precisa de prazos mais longos para
ser paga -até 2005. A maior parte
da dívida feita nos últimos anos
tem vencimento em um ano ou
menos.
Injeção
Primakov disse que uma de suas
prioridades será a reforma dos
bancos, mas apenas os maiores poderão receber uma injeção de recursos que os salvem da quebra. O
descenso do rublo provocou problemas de liquidez nos já instáveis
bancos russos.
"Os bancos que tiverem mais significado para a economia, mas que
não estejam agora muito viáveis,
receberão ajuda do governo para
permanecer vivos. Os que estiverem absolutamente inviáveis não
sobreviverão", afirmou.
Uma redução de impostos, numa tentativa de diminuir a sonegação, também deve ocorrer nos
próximos dias. Para começar, será
anulada uma tarifa de 3% imposta
pelo governo anterior a alimentos
e medicamentos importados.
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