São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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SIDERURGIA

Perda foi de R$ 216 mi

Vale tem o 1º prejuízo após ser privatizada

ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Nem mesmo uma das maiores exportadoras do país conseguiu escapar do impacto da desvalorização cambial. A Vale do Rio Doce teve prejuízo de R$ 216 milhões no terceiro trimestre deste ano. Foi o primeiro resultado negativo da empresa desde a sua privatização, em 1997.
Protegida por ter a maior parte de suas receitas em dólar, a Vale sempre ficara inume às oscilações cambiais. Desta vez, foi diferente: a alta da moeda americana pesou sobre suas dívidas -95% delas em dólar. A Vale não fez hedge (proteção) cambial para seu endividamento, que chegou a US$ 3,55 bilhões em 30 de setembro.
A Vale exporta cerca de 70% de sua produção, o que representou US$ 2,3 bilhões no acumulado do ano até setembro. Cerca de 80% de suas receitas são em dólar.
Apesar de influenciar negativamente o endividamento, o câmbio teve também efeito positivo: elevou em 20% o faturamento da companhia. A receita ficou em R$ 5,78 bilhões de janeiro a setembro, contra R$ 4,8 bilhões no mesmo período de 2001.
Ao explicar o motivo de a Vale não ter se protegido, o diretor financeiro da empresa, Fábio Barbosa, disse que a companhia tem "um hedge natural" que é justamente o fato de ser exportadora.
"A Vale se beneficia claramente da desvalorização cambial, apesar de, no curto prazo, ter tido efeito negativo", disse Barbosa.
O prejuízo no terceiro trimestre corroeu o desempenho da Vale no ano. O lucro acumulado nos nove meses foi de R$ 502,2 milhões -79,2% menor do que o registrado no mesmo período de 2001 -de R$ 2,41 bilhões.
Até setembro, a Vale produziu 106,9 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, com aumento de 11,2% sobre o mesmo período de 2001 (96,1 milhões).


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